Citado no repertório até dos políticos mais enxovalhados e de artistas bissextos, o poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) é uma unanimidade do ramo. Poeta são sãos. Fernando Pessoa foi um deles. Em “Mensagem”, livro lançado em vida, almejou cohabitar com Camões dentro da língua portuguesa. Conseguiu.
Dez entre dez brasileiros que apreciam poesia tem no repertório algum verso de Pessoa. Pessoas comuns e os pessoanos comungam máximas de Pessoa. ”Tudo vale a pena se a alma não é pequena” é uma delas. No topo, porém, está “O poeta é um fingidor”.
Puído até na boca dos políticos e homens públicos em geral quando desejam conferir galões nobres a si próprios, o que costuma ser mais recorrente no caso dos primeiros, os versos supracitados não são únicos motes da exposição “Pessoa, Plural como o universo”, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Até 31 de janeiro vai estar em cartaz no mesmo local.
Na visita à exposição, os versos ficam mais impressionantes com a ajuda da tecnologia. A linguagem acessível da poesia de Pessoa facilita a digestão do trabalho do cenógrafo carioca Hélio Eichbauer. Em cabines abertas o visitante tem opções de poemas de Alberto Caieiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares, os heterônimos criados por Fernando Pessoa. Exemplifica a simplicidade do múltiplo, isso que hoje é regra.
O culto ao rei D. Sebastião na exposição do Museu da Língua Portuguesa é gravado na areia com recurso esplendoroso da tecnologia.
Por ocasião dos 60 anos de morte de Fernando Pessoa e da fundação do Grupo Lusitana, em 1995, o então presidente da Academia Maranhense de Letras, Jomar Moraes, fez editar “Mensagem”, um livro sebastianista.“Dedicado muito cedo às atividades comerciais, nela tenho posto o melhor de meus cuidados e ocupações. Mas, isso não me impediu de admirar, entre justos orgulhos do povo português, a obra de Fernando pessoa”, registro na orelha das Edições da AML o diretor-presidente do Grupo Lusitana, Manoel Alves Ferreira, falecido no ano passado. O Lusitana vive seu crepúsculo.