Enquanto a presidenta eleita, Dilma Rousseff, não anuncia os nomes do ministério o PT mapeia os cargos de segundo escalão as as vagas em órgãos federais nos Estados. O diretório nacional do partido aprovou a criação de uma comissão de transição que deve apresentar nas próximas semanas um mapa completo dos cargos federais fora de Brasília e balanços eleitorais nos Estados.
O objetivo é orientar o partido tanto no preenchimento dos cargos como na negociação por espaço nos governos aliados. Um exemplo de como o PT pretende agir é o Maranhão. Quando Jackson Lago (PDT) foi eleito governador, em 2006, a família Sarney ocupou os principais cargos federais no Maranhão como uma espécie de compensação pela derrota.
Agora que Roseana Sarney (PMDB) foi eleita mais uma vez governadora, o PT pretende retomar os postos federais ou usá-los para barganhar espaço no governo. "Vamos perguntar para a Roseana como será a participação do PT no governo dela. Vamos apoiar só na Assembleia? Vamos participar diretamente? Teremos uma secretaria forte?", explicou um dirigente petista.
Segundo fontes do partido, o mapeamento está defasado há muitos anos. A última vez que o PT realizou um levantamento deste tipo foi em 2002, logo depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na época a responsabilidade ficou toda nas mãos do então secretário de Organização do partido, Sílvio Pereira, que pediu desfiliação em 2005 depois de receber um carro Land Rover de uma empreiteira e chegou a cumprir pena de prestação de serviços comunitários para escapar do processo do mensalão.
A comissão atual, formada por integrantes de todas as principais correntes do PT e também da bancada federal, tem se reunido com representantes do PT em cada Estado para levantar não apenas os cargos federais como também as demandas regionais e balanços eleitorais.
Além de nortear a ocupação dos cargos regionais e de segundo escalão no governo Dilma, o trabalho da comissão também vai servir para reduzir a pressão interna por cargos, acentuada pela estratégia nacional de abortar candidaturas estaduais em benefício de partidos que compuseram a coligação que elegeu Dilma.
O resultado do trabalho será entregue ao presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, que se encarregará de negociar diretamente com a presidenta eleita e com os partidos aliados. Com isso, o PT espera unificar as ações e evitar o "cada um por si", que poderia gerar atritos desnecessários.
A previsão é que a ocupação dos cargos nos estados comece apenas depois do Carnaval.
Do IG