O advogado e apresentador de programa na Rádio Capital, César Bello, encetou um bate-boca nesta quarta-feira pela manhã com o secretário de Cultura, Luiz Bulcão. Bello inquiriu o gestor da cultura estadual se o mesmo se considerava sério, ao comprometer mais da metade do orçamento da pasta para promover uma festa com duração de uma semana. A festa referida é o “Carnaval de volta à alegria”, patrocinado pelo governo do estado, com recursos titubeantes.
Antes de iniciar o embate verbal, Bulcão deitou falação sobre o que cria ser sua prestação de contas do evento bancado pelo erário. Lançando chamas na oposição e no governo de Jackson Lago, deposto no TSE por um processo encabeçado pelo grupo Sarney, faltou pouco para que o auto-intitulado poeta transformasse a coletiva à imprensa em mais um exercício de devaneio contumaz.
Para Bello, o secretário elucubrava com intenção clara de anuviar os números oficiais do carnaval. Responsável pelo confete publicitário da festa, o secretário Sérgio Macedo explicou que o fato de ter sido divulgado pela própria Secom números superlativos de gastos com a festa tradicional de Momo, justificava-se diante da intenção de divulgar a farra em rede nacional. Macedo afirmou que pouco mais de dez por cento da verba gasta com o carnaval alimentou a publicidade interna.
Bulcão rotulou Bello de defensor nato do governo passado que fechou praças esportivas e até mesmo a Biblioteca. Seletivo na amnésia, o secretário esqueceu que foi ele quem mandou lacrar a Biblioteca Pública Benedito Leite. Afinal de contas, ninguém nesse estado precisa ler ou pesquisar, já que mais de 90 por cento afirma aprovar a utilização de milhões e milhões com a promoção do carnaval. Ao menos foi isso que aferiu pesquisa da Escutec, instituto comandado pelo ex-radialista Fernando Leite, nome ligado à rádio Timbira ainda no primeiro mandato de Roseana Sarney (1995-98). A mesma Escutec que dava como certa a eleição da filha do senador José Sarney em 2006, quando ela foi derrotada nas urnas pelo pedetista Jackson Lago.
A certa altura do debate sobre responsabilidade fiscal, Bello lançou o desafio ao travestido secretário: conheces a obra do poeta Nauro Machado? ! Bulcão balbuciou. Bello citou a obra “O Anafilático desespero da esperança ” (Edições Antares), em que Nauro Machado registra:
Os Mandarins
Com o poder do povo não conto,
para traduzi-lo em meu canto,
embora o tenha em fome e carne
Embora o sofra em minha boca,
abrindo igual a qualquer outra,
com sua metáfora e seu sêmen.
como o tem do poder de esgotos,
como o tem da aura do Poder.
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