25 de abr. de 2010

Primeiro aninho

FERREIRA GULLAR
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Viver em Brasília não era mole; nosso único divertimento era ver subir e descer os aviões



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BRASÍLIA COMPLETA 50 anos de existência, mas pouca gente sabe que fui um dos organizadores da festa de seu primeiro aniversário. É que tinha sido convidado por Paulo de Tarso, o primeiro prefeito da cidade, a presidir a Fundação Cultural.

Aceitei o convite porque Brasília era uma coisa nova e instigante e também por ajudar-me a sair do impasse em que me encontrava: perdera o entusiasmo pelas experiências neoconcretas e não sabia que rumo tomar.

Tomei o avião que me levaria à nova capital e nele, por coincidência, ia o jornalista Raimundo Souza Dantas, convidado para ser oficial de gabinete do presidente Jânio Quadros. Soube, depois, como surgiu o convite. Jânio perguntara a José Aparecido de Oliveira, seu secretário particular, se conhecia um negro que pudesse trabalhar no gabinete presidencial. "Conheço", respondeu Aparecido. "Mas negro retinto?" "Sim, presidente, retinto." E Jânio: "Chame-o, quero-o ao meu lado".

Raimundo Souza Dantas não só era negro retinto como também distinto e terminaria embaixador em Gana. A notícia despertou tal entusiasmo que, quando ele voltou ao Rio de Janeiro, foi recebido no Galeão pela batucada de ritmistas das escolas de samba. Temendo que sua nomeação fosse rejeitada pelo Senado, pôs um revólver na sua mesa de cabeceira para fazer uso dele e livrar-se de um possível vexame. Não foi preciso.

Viver em Brasília, naquela época, não era mole não. O vento erguia nuvens de poeira -um talco vermelho que tisnava nosso rosto e nossas roupas. Não havia transporte coletivo. Eu me valia do carro da fundação. Nosso único divertimento era ir ao aeroporto ver subir e descer os aviões. Por isso, quando um grupo de teatro rebolado, do Rio, me telefonou propondo apresentar-se na cidade, topei sem hesitar.

O Teatro Nacional era, então, apenas uma casca de concreto, sem nada dentro. Como esperávamos apresentar, ali, em breve, um espetáculo de Jean-Louis Barrault, improvisáramos um palco e uma plateia para viabilizar a temporada. Antes de Barrault, chegou o grupo carioca, cujo espetáculo se chamava "O Cão Chupando Manga". Ao assistir a um de seus ensaios, assustei-me com a licenciosidade das falas e das cenas e mais ainda quando passei a receber pedidos de altas autoridades para reservar-lhes ingressos a elas e suas famílias.

No dia seguinte à estreia, tal foi a indignação dos convidados que o presidente Jânio Quadros enviou um bilhete ao prefeito mandando tirar o espetáculo de cartaz. Quando os jornalistas me procuraram, declarei que não o faria, já que não era censor. Isso gerou uma crise que foi superada por um fato inesperado: o grupo fugira da cidade sem pagar-nos o aluguel do teatro.

Dias depois, o prefeito me chamava ao seu gabinete para tratar da comemoração do primeiro aniversário de Brasília. Na parte cultural, que a mim cabia, programei uma exposição do acervo do Museu de Arte de São Paulo, uma temporada do Teatro de Arena e um desfile da escola de samba Estação Primeira de Mangueira.

Os dois primeiros eventos não implicavam maiores problemas, mas o desfile da Mangueira, sim, a começar pelo número de sambistas que teríamos que transportar até Brasília. Felizmente, a Aeronáutica se dispôs a colaborar, pondo à nossa disposição um avião onde caberiam umas cem pessoas. Não era o ideal, mas dava para animar a festa, sobretudo porque, ao contrário dos outros eventos, este seria na rua, com participação dos funcionários todos e dos candangos que trabalhavam na construção da cidade.

Mal saiu na imprensa a notícia do desfile, meu gabinete se encheu de funcionários dos mais diversos órgãos públicos: eram mangueirenses que haviam sido transferidos para lá e queriam desfilar na sua escola. Desfilaram. Foi o grande acontecimento do aniversário da cidade. Era tanta gente que o prefeito quase não conseguiu chegar ao palanque.

Mas preparar as comemorações não foi fácil porque, naquela época, para conseguir um prego era preciso atravessar a cidade inteira. Um major do exército, para nos ajudar, definiu a situação: "O problema, doutor Gullar, é viatura e gasolina".

Passado o sufoco, fiz uma "embolada" que cantei numa festa na casa do prefeito:
"Não adianta, seu prefeito, abrir estrada
Não adianta carnaval na Esplanada
Não adianta superquadra sem esquina,
Catedral de perna fina/ Rebolado de menina
Que o problema é/ Viatura e gasolina."

Meses depois, Jânio Quadros renunciava e eu voltava ao Rio já com outra cabeça: trocara a vanguarda artística pelo engajamento político.

Enquete aponta curto governo de Jackson Lago mais bem avaliado que Roseana Sarney

Uma das enquetes on line realizadas pelos site voltado para cobertura jornalística no Maranhão, aponta superioridade de Jackson Lago como governador em exercício do mandato em relação a Roseana Sarney (PMDB).

A enquete lançada pela equipe de O Quarto Poder on line, questionando os internautas sobre quem fez o melhor governo, se Jackson Lago ou Roseana Sarney, registrava  até quinta-feira passada, por volta das 10 horas, 3.460 (três mil quatrocentos e sessenta ) votos, distribuídos da seguinte forma: Jackson Lago, 49,05% (1697 votos), Roseana Sarney 46,71% (1616 votos). 3,61% dos internautas, o que corresponde a 125 votos, acreditavam que os dois governantes foram ruins para o Maranhão, enquanto 0,29% (10 votos) consideram Roseana Sarney e Jackson Lago como bons governantes. 0,35% (12 votos) não souberam responder.

A enquete mostra que o pedetista Jackson Lago, que esteve à frete do governo por uma período de apenas dois anos e três meses, tem aprovação acima da governadora em terceiro mandato. O Quarto Poder vai encerrar a enquete quando atingir 4 mil votos computados. 

Manchetes dos jornais

O ESTADO DO MARANHÃO - Indústria da pirataria está sem controle em São Luís