10 de abr. de 2010

Veja discurso do pré-candidato José Serra

O BRASIL PODE MAIS

Venho hoje, aqui, falar do meu amor pelo Brasil; falar da minha vida; falar da minha experiência; falar da minha fé; falar das minhas esperanças no Brasil. E mostrar minha disposição de assumir esta caminhada. Uma caminhada que vai ser longa e difícil mas que com a ajuda de Deus e com a força do povo brasileiro será com certeza vitoriosa.

Alguns dias atrás, terminei meu discurso de despedida do Governo de São Paulo afirmando minha convicção de que o Brasil pode mais. Quatro palavras, em meio a muitas outras. Mas que ganharam destaque porque traduzem de maneira simples e direta o sentimento de milhões de brasileiros: o de que o Brasil, de fato, pode mais. E é isto que está em jogo nesta hora crucial!

Nos últimos 25 anos, o povo brasileiro alcançou muitas conquistas: retomamos a Democracia, arrancamos nas ruas o direito de votar para presidente, vivemos hoje num país sem censura e com uma imprensa livre. Somos um Estado de Direito Democrático. Fizemos uma nova Constituição, escrita por representantes do povo. Com o Plano Real, o Brasil transformou sua economia a favor do povo, controlou a inflação, melhorou a renda e a vida dos mais pobres, inaugurou uma nova Era no Brasil. Também conquistamos a responsabilidade fiscal dos governos. Criamos uma agricultura mais forte, uma indústria eficiente e um sistema financeiro sólido. Fizemos o Sistema Único de Saúde, conseguimos colocar as crianças na escola, diminuímos a miséria, ampliamos o consumo e o crédito, principalmente para os brasileiros mais pobres. Tudo isso em 25 anos. Não foram conquistas de um só homem ou de um só Governo, muito menos de um único partido. Todas são resultado de 25 anos de estabilidade democrática, luta e trabalho. E nós somos militantes dessa transformação, protagonistas mesmo, contribuímos para essa história de progresso e de avanços do nosso País. Nós podemos nos orgulhar disso.

Mas, se avançamos, também devemos admitir que ainda falta muito por fazer. E se considerarmos os avanços em outros países e o potencial do Brasil, uma conclusão é inevitável: o Brasil pode ser muito mais do que é hoje.

Mas para isso temos de enfrentar os problemas nacionais e resolvê-los, sem ceder à demagogia, às bravatas ou à politicagem. E esse é um bom momento para reafirmarmos nossos valores. Começando pelo apreço à Democracia Representativa, que foi fundamental para chegarmos aonde chegamos. Devemos respeitá-la, defendê-la, fortalecê-la. Jamais afrontá-la.

Democracia e Estado de Direito são valores universais, permanentes, insubstituíveis e inegociáveis. Mas não são únicos. Honestidade, verdade, caráter, honra, coragem, coerência, brio profissional, perseverança são essenciais ao exercício da política e do Poder. É nisso que eu acredito e é assim que eu ajo e continuarei agindo. Este é o momento de falar claro, para que ninguém se engane sobre as minhas crenças e valores. É com base neles que também reafirmo: o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais.

Governos, como as pessoas, têm que ter alma. E a alma que inspira nossas ações é a vontade de melhorar a vida das pessoas que dependem do estudo e do trabalho, da Saúde e da Segurança. Amparar os que estão desamparados.

Sabem quantas pessoas com alguma deficiência física existem no Brasil? Mais de 20 milhões – a esmagadora maioria sem o conforto da acessibilidade aos equipamentos públicos e a um tratamento de reabilitação. Os governos, como as pessoas, têm que ser solidários com todos e principalmente com aqueles que são mais vulneráveis.

Quem governa, deve acreditar no planejamento de suas ações. Cultivar a austeridade fiscal, que significa fazer melhor e mais com os mesmos recursos. Fazer mais do que repetir promessas. O governo deve ouvir a voz dos trabalhadores e dos desamparados, das mulheres e das famílias, dos servidores públicos e dos profissionais de todas as áreas, dos jovens e dos idosos, dos pequenos e dos grandes empresários, do mercado financeiro, mas também do mercado dos que produzem alimentos, matérias-primas, produtos industriais e serviços essenciais, que são o fundamento do nosso desenvolvimento, a máquina de gerar empregos, consumo e riqueza.

O governo deve servir ao povo, não a partidos e a corporações que não representam o interesse público. Um governo deve sempre procurar unir a nação. De mim, ninguém deve esperar que estimule disputas de pobres contra ricos, ou de ricos contra pobres. Eu quero todos, lado a lado, na solidariedade necessária à construção de um país que seja realmente de todos.

Ninguém deve esperar que joguemos estados do Norte contra estados do Sul, cidades grandes contra cidades pequenas, o urbano contra o rural, a indústria contra os serviços, o comércio contra a agricultura, azuis contra vermelhos, amarelos contra verdes. Pode ser engraçado no futebol. Mas não é quando se fala de um País. E é deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o nosso Brasil.

Não aceito o raciocínio do nós contra eles. Não cabe na vida de uma Nação. Somos todos irmãos na pátria. Lutamos pela união dos brasileiros e não pela sua divisão. Pode haver uma desavença aqui outra acolá, como em qualquer família. Mas vamos trabalhar somando, agregando. Nunca dividindo. Nunca excluindo. O Brasil tem grandes carências. Não pode perder energia com disputas entre brasileiros. Nunca será um país desenvolvido se não promover um equilíbrio maior entre suas regiões. Entre a nossa Amazônia, o Centro Oeste e o Sudeste. Entre o Sul e o Nordeste. Por isso, conclamo: Vamos juntos. O Brasil pode mais. O desenvolvimento é uma escolha. E faremos essa escolha. Estamos preparados para isso.

Ninguém deve esperar que joguemos o governo contra a oposição, porque não o faremos. Jamais rotularemos os adversários como inimigos da pátria ou do povo. Em meio século de militância política nunca fiz isso. E não vou fazer. Eu quero todos juntos, cada um com sua identidade, em nome do bem comum.

Na Constituinte fiz a emenda que permitiu criar o FAT, financiar e fortalecer o BNDES e tirar do papel o seguro-desemprego – que hoje beneficia 10 milhões de trabalhadores. Todos os partidos e blocos a apoiaram. No ministério da Saúde do governo Fernando Henrique tomei a iniciativa de enviar ou refazer e impulsionar seis projetos de lei e uma emenda constitucional – a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Agência Nacional de Saúde, a implantação dos genéricos, a proibição do fumo nos aviões e da propaganda de cigarros, a regulamentação dos planos de saúde, o combate à falsificação de remédios e a PEC 29, que vinculou recursos à Saúde nas três esferas da Federação - todos, sem exceção, aprovados pelos parlamentares do governo e da oposição. É assim que eu trabalho: somando e unindo, visando ao bem comum. Os membros do Congresso que estão me ouvindo, podem testemunhar: suas emendas ao orçamento da Saúde eram acolhidas pela qualidade, nunca devido à sua filiação partidária.

Se o povo assim decidir, vamos governar com todas e com todos, sem discriminar ninguém. Juntar pessoas em vez de separá-las; convidá-las ao diálogo, em vez de segregá-las; explicar os nossos propósitos, em vez de hostilizá-las. Vamos valorizar o talento, a honestidade e o patriotismo em vez de indagar a filiação partidária.

Minha história de vida e minhas convicções pessoais sempre estiveram comprometidas com a unidade do país e com a unidade do seu povo. Sou filho de imigrantes, morei e cresci num bairro de trabalhadores que vinham de todas as partes, da Europa, do Nordeste, do Sul. Todos em busca de oportunidade e de esperança.

A liderança no movimento estudantil me fez conhecer e conviver com todo o Brasil logo ao final da minha adolescência. Aliás, na época, aprendi mesmo a fazer política no Rio, em Minas, na Bahia e em Pernambuco, aos 21 anos de idade. O longo exílio me levou sempre a enxergar e refletir sobre o nosso país como um todo.

Minha história pessoal está diretamente vinculada à valorização do trabalho, à valorização do esforço, à valorização da dedicação. Lembro-me do meu pai, um modesto comerciante de frutas no mercado municipal: doze horas de jornada de trabalho nos dias úteis, dez horas no sábado, cinco horas aos domingos. Só não trabalhava no dia 1 de janeiro. Férias? Um luxo, pois deixava de ganhar o dinheiro da nossa subsistência. Um homem austero, severo, digno. Seu exemplo me marcou na vida e na compreensão do que significa o amor familiar de um trabalhador: ele carregava caixas de frutas para que um dia eu pudesse carregar caixas de livros.

E eu me esforço para tornar digno o trabalho de todo homem e mulher, do ser humano como ele foi. Porque vejo a imagem de meu pai em cada trabalhador. Eu a vi outro dia, na inauguração do Rodoanel, quando um dos operários fez questão de me mostrar com orgulho seu nome no mural que eu mandei fazer para exibir a identidade de todos os trabalhadores que fizeram aquela obra espetacular. Por que o mural? Por justo reconhecimento e porque eu sabia que despertaria neles o orgulho de quem sabe exercer a profissão. Um momento de revelação a si mesmos de que eles são os verdadeiros construtores nesta nação.

Eu vejo em cada criança na escola o menino que eu fui, cheio de esperanças, com o peito cheio de crença no futuro. Quando prefeito e quando governador, passei anos indo às escolas para dar aula (de verdade) à criançada da quarta série. Ia reencontrar-me comigo mesmo. Porque tudo o que eu sou aprendi em duas escolas: a escola pública e a escola da vida pública. Aliás, e isto é um perigo dizer, com freqüência uso senhas de computador baseadas no nome de minhas professoras no curso primário. E toda vez que escrevo lembro da sua fisionomia, da sua voz, do seu esforço, e até das broncas, de um puxão de orelhas, quando eu fazia alguma bagunça.

Mas é por isso tudo que sempre lutei e luto tanto pela educação dos milhões de filhos do Brasil. No país com que sonho para os meus netos, o melhor caminho para o sucesso e a prosperidade será a matrícula numa boa escola, e não a carteirinha de um partido político. E estou convencido de uma coisa: bons prédios, serviços adequados de merenda, transporte escolar, atividades esportivas e culturais, tudo é muito importante e deve ser aperfeiçoado. Mas a condição fundamental é a melhora do aprendizado na sala de aula, propósito bem declarado pelo governo, mas que praticamente não saiu do papel. Serão necessários mais recursos. Mas pensemos no custo para o Brasil de não ter essa nova Educação em que o filho do pobre freqüente uma escola tão boa quanto a do filho do rico. Esse é um compromisso.

É preciso prestar atenção num retrocesso grave dos últimos anos: a estagnação da escolaridade entre os adolescentes. Para essa faixa de idade, embora não exclusivamente para ela, vamos turbinar o ensino técnico e profissional, aquele que vira emprego. Emprego para a juventude, que é castigada pela falta de oportunidades de subir na vida. E vamos fazer de forma descentralizada, em parcerias com estados e municípios, o que garante uma vinculação entre as escolas técnicas e os mercados locais, onde os empregos são gerados. Ensino de qualidade e de custos moderados, que nos permitirá multiplicar por dois ou três o número de alunos no país inteiro, num período de governo. Sim, meus amigos e amigas, o Brasil pode mais.

Podemos e devemos fazer mais pela saúde do nosso povo. O SUS foi um filho da Constituinte que nós consolidamos no governo passado, fortalecendo a integração entre União, Estados e Municípios; carreando mais recursos para o setor; reduzindo custos de medicamentos; enfrentando com sucesso a barreira das patentes, no Brasil e na Organização Mundial do Comércio; ampliando o sistema de atenção básica e o Programa Saúde da Família em todo o Brasil; prestigiando o setor filantrópico sério, com quem fizemos grandes parcerias, dos hospitais até a prevenção e promoção da Saúde, como a Pastoral da Criança; fazendo a melhor campanha contra a AIDS do mundo em desenvolvimento; organizando os mutirões; fazendo mais vacinações; ampliando a assistência às pessoas com deficiência; cerceando o abuso do incentivo ao cigarro e ao tabaco em geral. E muitas outras coisas mais. De fato, e mais pelo que aconteceu na primeira metade do governo, a Saúde estagnou ou avançou pouco. Mas a Saúde pode avançar muito mais. E nós sabemos como fazer isso acontecer.

Saúde é vida, Segurança também. Por isso, o governo federal deve assumir mais responsabilidades face à gravidade da situação. E não tirar o corpo fora porque a Constituição atribui aos governos estaduais a competência principal nessa área. Tenho visto gente criticar o Estado Mínimo, o Estado Omisso. Concordo. Por isso mesmo, se tem área em que o Estado não tem o direito de ser mínimo, de se omitir, é a segurança pública. As bases do crime organizado estão no contrabando de armas e de drogas, cujo combate efetivo cabe às autoridades federais . Ou o governo federal assume de vez, na prática, a coordenação efetiva dos esforços nacionalmente, ou o Brasil não tem como ganhar a guerra contra o crime e proteger nossa juventude.

Qual pai ou mãe de família não se sente ameaçado pela violência, pelo tráfico e pela difusão do uso das drogas? As drogas são hoje uma praga nacional. E aqui também o Governo tem de investir em clínicas e programas de recuperação para quem precisa e não pode ser tolerante com traficantes da morte. Mais ainda se o narcotráfico se esconde atrás da ideologia ou da política. Os jovens são as grandes vítimas. Por isso mesmo, ações preventivas, educativas, repressivas e de assistência precisam ser combinadas com a expansão da qualificação profissional e a oferta de empregos.

Uma coisa que precisa acabar é a falsa oposição entre construir escolas e construir presídios. Muitas vezes, essa é a conversa de quem não faz nem uma coisa nem outra. É verdade que nossos jovens necessitam de boas escolas e de bons empregos, mas se o indivíduo comete um crime ele deve ser punido. Existem propostas de impor penas mais duras aos criminosos. Não sou contra, mas talvez mais importante do que isso seja a garantia da punição. O problema principal no Brasil não são as penas supostamente leves. É a quase certeza da impunidade. Um país só tem mais chance de conseguir a paz quando existe a garantia de que a atitude criminosa não vai ficar sem castigo.

Eu quero que meus netos cresçam num país em que as leis sejam aplicadas para todos. Se o trabalhador precisa cumprir a lei, o prefeito, o governador e o presidente da República também tem essa obrigação. Em nosso país, nenhum brasileiro vai estar acima da lei, por mais poderoso que seja. Na Segurança e na Justiça, o Brasil também pode mais.

Lembro que os investimentos governamentais no Brasil, como proporção do PIB, ainda são dos mais baixos do mundo em desenvolvimento. Isso compromete ou encarece a produção, as exportações e o comércio. Há uma quase unanimidade a respeito das carências da infra-estrutura brasileira: no geral, as estradas não estão boas, faltam armazéns, os aeroportos vivem à beira do caos, os portos, por onde passam nossas exportações e importações, há muito deixaram de atender as necessidades. Tem gente que vê essas carências apenas como um desconforto, um incômodo. Mas essa é uma visão errada. O PIB brasileiro poderia crescer bem mais se a infra-estrutura fosse adequada, se funcionasse de acordo com o tamanho do nosso país, da população e da economia.

Um exemplo simples: hoje, custa mais caro transportar uma tonelada de soja do Mato Grosso ao porto de Paranaguá do que levar a mesma soja do porto brasileiro até a China. Um absurdo. A conseqüência é menos dinheiro no bolso do produtor, menos investimento e menos riqueza no interior do Brasil. E sobretudo menos empregos.

Temos inflação baixa, mais crédito e reservas elevadas, o que é bom, mas para que o crescimento seja sustentado nos próximos anos não podemos ter uma combinação perversa de falta de infra-estrutura, inadequações da política macroeconômica, aumento da rigidez fiscal e vertiginoso crescimento do déficit do balanço de pagamentos. Aliás, o valor de nossas exportações cresceu muito nesta década, devido à melhora dos preços e da demanda por nossas matérias primas. Mas vai ter de crescer mais. Temos de romper pontos de estrangulamento e atuar de forma mais agressiva na conquista de mercados. Vejam que dado impressionante: nos últimos anos, mais de 100 acordos de livre comércio foram assinados em todo o mundo. São um instrumento poderoso de abertura de mercados. Pois o Brasil, junto com o MERCOSUL, assinou apenas um novo acordo (com Israel), que ainda não entrou em vigência!

Da mesma forma, precisamos tratar com mais seriedade a preservação do meio-ambiente e o desenvolvimento sustentável. Repito aqui o que venho dizendo há anos: é possível, sim, fazer o país crescer e defender nosso meio ambiente, preservar as florestas, a qualidade do ar a contenção das emissões de gás carbônico. É dever urgente dar a todos os brasileiros saneamento básico, que também é meio ambiente. Água encanada de boa qualidade, esgoto coletado e tratado não são luxo. São essenciais. São Saúde. São cidadania. A economia verde é, ao contrário do que pensam alguns, uma possibilidade promissora para o Brasil. Temos muito por fazer e muito o que progredir, e vamos fazê-lo.

Também não são incompatíveis a proteção do meio ambiente e o dinamismo extraordinário de nossa agricultura, que tem sido a galinha de ovos de ouro do desenvolvimento do país, produzindo as alimentos para nosso povo, salvando nossas contas externas, contribuindo para segurar a inflação e ainda gerar energia! Estou convencido disso e vamos provar o acerto dessa convicção na prática de governo. Sabem por quê? Porque sabemos como fazer e porque o Brasil pode mais!

O Brasil está cada vez maior e mais forte. É uma voz ouvida com respeito e atenção. Vamos usar essa força para defender a autodeterminação dos povos e os direitos humanos, sem vacilações. Eu fui perseguido em dois golpes de estado, tive dois exílios simultâneos, do Brasil e do Chile. Sou sobrevivente do Estádio Nacional de Santiago, onde muitos morreram. Por algum motivo, Deus permitiu que eu saísse de lá com vida. Para mim, direitos humanos não são negociáveis. Não cultivemos ilusões: democracias não têm gente encarcerada ou condenada à forca por pensar diferente de quem está no governo. Democracias não têm operários morrendo por greve de fome quando discordam do regime.

Nossa presença no mundo exige que não descuidemos de nossas Forças Armadas e da defesa de nossas fronteiras. O mundo contemporâneo é desafiador. A existência de Forças Armadas treinadas, disciplinadas, respeitadoras da Constituição e das leis foi uma conquista da Nova República. Precisamos mantê-las bem equipadas, para que cumpram suas funções, na dissuasão de ameaças sem ter de recorrer diretamente ao uso da força e na contribuição ao desenvolvimento tecnológico do país.

Como falei no início, esta será uma caminhada longa e difícil. Mas manteremos nosso comportamento a favor do Brasil. Às provocações, vamos responder com serenidade; às falanges do ódio que insistem em dividir a nação vamos responder com nosso trabalho presente e nossa crença no futuro. Vamos responder sempre dizendo a verdade. Aliás, quanto mais mentiras os adversários disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles.

O Brasil não tem dono. O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham; aos brasileiros que estudam; aos brasileiros que querem subir na vida; aos brasileiros que acreditam no esforço; aos brasileiros que não se deixam corromper; aos brasileiros que não toleram os malfeitos; aos brasileiros que não dispõem de uma “boquinha”; aos brasileiros que exigem ética na vida pública porque são decentes; aos brasileiros que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida.

Este é o povo que devemos mobilizar para a nossa luta; este é o povo que devemos convocar para a nossa caminhada; este é o povo que quer, porque assim deve ser, conservar as suas conquistas, mas que anseia mais. Porque o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais. E, por isso, tem de estar unido. O Brasil é um só.

Pretendo apresentar ao Brasil minha história e minhas idéias. Minha biografia. Minhas crenças e meus valores. Meu entusiasmo e minha confiança. Minha experiência e minha vontade.

Vou lhes contar uma coisa. Desde cedo, quando entrei na vida pública, descobri qual era a motivação maior, a mola propulsora da atividade política. Para mim, a motivação é o prazer. A vida pública não é sacrifício, como tantos a pintam, mas sim um trabalho prazeroso. Só que não é o mero prazer do desfrute. É o prazer da frutificação. Não é um sonho de consumo. É um sonho de produção e de criação. Aprendi desde cedo que servir é bom, nos faz felizes, porque nos dá o sentido maior de nossas existências, porque nos traz uma sensação de bem estar muito mais profunda do que quaisquer confortos ou vantagens propiciados pelas posições de Poder. Aprendi que nada se compara à sensação de construir algo de bom e duradouro para a sociedade em que vivemos, de descobrir soluções para os problemas reais das pessoas, de fazer acontecer.

O grande escritor mineiro Guimarães Rosa, escreveu: O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Concordo. É da coragem que a vida quer que nós precisamos agora.

Coragem para fazer um projeto de País, com sonhos, convicções e com o apoio da maioria.

Juntos, vamos construir o Brasil que queremos, mais justo e mais generoso. Eleição é uma escolha sobre o futuro. Olhando pra frente, sem picuinhas, sem mesquinharias, eu me coloco diante do Brasil, hoje, com minha biografia, minha história política e com . esperança no nosso futuro. E determinado a fazer a minha parte para construir um Brasil melhor. Quero ser o presidente da união. Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais.

Cine Laborarte exibe duas produções do cinema independente brasileiro

Dois filmes serão exibidos no Cine Laborarte neste domingo,11, em sessão que tem início às 19 horas: “O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas” e “O Último Raio de Sol”. Produções nacionais com foco na juventude e recorte no Nordeste brasileiro, os filmes são boa opção para manter contato uma produção nacional à margem do circuito comercial.

"O Rap..”de 2000 é dirigido por Paulo Caldas e Marcelo Luna. Dois personagens reais, Helinho e Garnizé, formam o eixo do documentário. Helinho é um justiceiro de 21 anos, conhecido na comunidade como O Pequeno Príncipe, acusado de matar 65 bandidos no município de Camaragibe (PE) e em bairros de subúrbio.

Garnizé, músico, 26 anos, componente da banda de rap Faces do Subúrbio, militante político e líder comunitário em Camaragibe, usa a cultura para enfrentar a difícil sobrevivência na área. Dois jovens de uma mesma periferia, duas vidas cruzadas pelo mesmo tema: a violência urbana.

“O Último Raio de Sol” é uma produção do Distrito Federal com apenas 22 minutos de duração. Rodado em 2004, o filme conta a história de dois jovens de classe alta brasiliense que viajam à Chapada dos Veadeiros e, no caminho, se divertem ameaçando e humilhando pessoas que pedem carona na estrada. Tratando de temas como impunidade, violência e preconceito, o filme fala de como uma atitude inconseqüente pode resultar num final inesperado. Livre adaptação de uma história verídica.

Veja abaixo crítica de Rodrigo de Oliveira sobre “O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas”:



Juventude em marcha
Quando foi lançado, “O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas” pairava como um objeto não facilmente identificável sobre a cinematografia brasileira. Reconhecíamos no filme de depoimentos e na reverberação político-social dos dramas pessoais, alguma coisa de Eduardo Coutinho, e no corpo-a-corpo com a realidade mundo-cão do banditismo urbano outro tanto do trabalho de Octávio Bezerra em “Uma Avenida Chamada Brasil”. Mas havia ali uma pulsação diferente.

A apresentação ao ambiente periférico onde vivem o matador Helinho e o músico Alexandre Garnizé não se dá pela exibição distanciada de uma paisagem. A primeira seqüência apresenta um ponto de vista, que é o do próprio filme, à medida que a câmera corre pelos becos de um bairro pobre. É uma câmera que respira, ofegante, que produz ruído de passos pela rua. Mais que um filme sobre o estado da juventude recifense (e brasileira) na virada do século 21, O Rap do Pequeno Príncipe é, ele mesmo, personagem desta história – também jovem, também perdido em becos sem saída.

No filme de Paulo Caldas e Marcelo Luna, a figura do adulto aparece sempre investida de algum constrangimento. O delegado da cidade demonstra franca perplexidade diante da escalada de violência. A mãe do bandido, por medo de exposição, nunca é mostrada de rosto inteiro. O radialista não disfarça sua demagogia sensacionalista. Essa juventude de O Rap do Pequeno Príncipe assumiu para si a tarefa de remediar um mundo que vê como doente, e não é o peso da maturidade ou a experiência acumulada nos anos que explicará as bases em que esta nova geração está se construindo.

Nesse sentido, a presença do rap no filme é significativa. Ainda que possa ecoar no passado (casa-se perfeitamente à tradicional embolada, como diz Garnizé), o rap é uma peça do agora, instrumento primeiro, e mais eficiente, da manifestação dessa juventude.

Uma pequena digressão do filme, saindo do movimento hip-hop recifense para encontrar os Racionais MCs, em São Paulo, revelará o impacto da presença desta nova geração na cultura do país. Ela não só reescreve a versão oficial da História (o relato em primeira pessoa do massacre do Carandiru, na letra de “Diário de um Detento”), como também leva à linha de frente das discussões todo um universo social que estava excluído do mapa (o plano aéreo dos bairros da periferia paulistana, aparentemente indistintos, mas que Mano Brown vai nomeando um a um, fazendo valer uma identidade até então ignorada). A urgência dos problemas de nosso tempo não dá chance à imaginação, como diz outro dos encapuzados. “A gente tem é que acontecer”.

Esse primado da ação se expressa no projeto social que Garnizé dirige a crianças carentes, e explode (injustificável) no acúmulo de mortes nas costas de Helinho, em nome de uma idéia confusa de justiça e senso de comunidade. O nó dessa equação se agiganta na experiência da juventude aburguesada de O Último Raio de Sol. Há um extrato dessa geração que não reverbera suas ações numa vontade coletiva, mas, ao contrário, está afundada no niilismo, na subjugação do outro (não apenas as “almas sebosas”, mas qualquer alma que cruze o caminho).

Os protagonistas do curta-metragem de Bruno Torres representam incógnitas morais ainda mais devastadoras que os matadores do longa. Num mundo povoado de ícones e referências culturais espalhadas pelos meios de comunicação, do Steven Seagal citado por um encapuzado ao Che Guevara tatuado nas costas de Garnizé, O Rap do Pequeno Príncipe nos apresenta uma juventude que quer responder ao chamado da História criando para si uma iconografia própria, uma nova linguagem que consiga lidar com os novos tempos. Mas O Último Raio de Sol vem lembrar que também faz parte desse caldeirão a figura do super-homem intocável pela lei ou pela ética, e que, protegido pelo dinheiro, só consegue se relacionar com esses novos tempos através de velhos barbarismos.

Lixeiro não sanitário em São Bernardo do Maranhão

No Radar de VEJA

Um presente para Sarney
Um dos últimos atos de Hélio Costa como ministro das Comunicações foi um presente para José Sarney. Costa assinou uma portaria que, na prática, amplia o poder de alcance do império televisivo da família Sarney. A rede Mirante, repetidora da Globo no Maranhão, presidida por Fernando Sarney, poderá agora ceder sua programação para ser retransmitida integralmente por uma TV de Pinheiro, a cidade natal do patriarca.

Celso Borges apresenta "A posição da poesia é oposição" em Fortaleza


O poeta, letrista e jornalista maranhense Celso Borges apresenta neste sábado no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza, o espetáculo poético-musical "A posição da poesia é oposição". Depois de estrear em São Paulo, o espetáculo foi  apresentado em São Luís no segundo semestre do ano passado, em duas sessões no Cine Praia Grande. Em 90 minutos, Celso Borges interpreta 20 poemas extraídos dos seus últimos trabalhos em livro- CD: "XXI" (2000), "Música" (2006) e "Belle Époque" (2010). Os trabalhos têm a música como fio condutor.
O espetáculo faz parte do projeto Literatura em Revista do CCBN e encerra turnês que já percorreu outros espaços culturais do estado do Ceará,  além de Sousa, na Paraíba.
Depois de mais de duas décadas radicado em São Paulo, Celso Borges retornou a São Luís (MA) onde toca vários projetos na área cultural. No início deste ano lançou o livro "Belle Époque"  encerrando uma trilogia iniciada com "XXI", livro-CD  que reúne poetas maranhenses contemporâneos com trilha sonora dele , Décio Rocha, Paulo Le Petit e Zeca Baleiro. Este trabalho inicial da trilogia que tem a música como trilha conta com participações especiais de Chico César, Luiz Cláudio, Nosly, Mochel, Rita Ribeiro e Thomas Rohrer.

"Música", o segundo trabalho da trilogia, integrante da coleção ruptura réptil/poesia para ouvir, lançado em 2006, tem projeto gráfico de Claudio Lima e conta com participação de Zeca Baleiro, Vitor Ramil, Rita Ribeiro, Décio Rocha, Josias Sobrinho, Vange Milliet, Otávio Rodrigues, TA Calibre 1, Ceumar e outros mais.

"Belle Époque", o terceiro livro-CD , lançado este ano, tem projeto gráfico de Andrea Pedro inspirado em obras de Anselm Kiefer, Louise de Bourgeois, Daniela Rodrigues e no fotógrafo maranhense Gaudêncio Cunha.

"A posição da poesia é oposição" tem trilhas e interferências sonoras executadas pelo guitarrista Christian Portela. Voz e guitarra proporcionam uma estrutura sonora ao poema além da sua própria musicalidade, ampliando o texto para além da página do livro. A idéia é valorizar a linguagem falada em diversas possibilidades.

Celso Borges investe em experimentações em torno da palavra dita, saída do papel, ganhando vida em voz e arranjos instrumentais. Em síntese: música da palavra, palavra musicada, música falada, música calada, palavra cantada, música celebrada, poesia a toda prova!

Com informações do CCBN

No Painel da Folha de S. Paulo

É tudo verdade
Ao decidir assumir a Presidência amanhã com a viagem de Lula aos EUA, tornando-se inelegível, José Alencar de fato levou em conta, como disse em entrevista, as exigências do tratamento contra o câncer -e a perspectiva de ter de se ausentar do país repetidas vezes até outubro por força da Lei Eleitoral. A rigor, porém, o vice já não reunia condições de disputar quando deixou correr solta a especulação sobre candidatura ao Senado e até mesmo ao governo de Minas.

Embora o Planalto tenha manifestado surpresa, o gesto de Alencar era objeto de torcida do PT e até de subordinados de Lula. Para evitar José Sarney, sem dúvida, mas principalmente para fazer lugar no palanque mineiro, já apertado com a dupla PMDB-PT.

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Manchetes dos jornais

AQUI-MA – Triângulo de amor e morte
ATOS & FATOS - Vereador do PDT é preso pela PF por contrabando
CORREIO DE NOTÍCIAS –João Alencar desiste e assume presidência da República
GAZETA DA ILHA –Fecha a conta e passa a faca
JORNAL A TARDE –Sarney não deve assumir a presidência
JORNAL PEQUENO –José Alencar desiste e assume Presidência da República
O DEBATE- Postos de saúde ficarão abertos no dia nacional de vacinação
O ESTADO DO MARANHÃO – Polícia Civil vai às ruas dar combate ao crime
O IMPARCIAL – Mutirão contra gripe A
TRIBUNA DO NORDESTE – Rebelião no Centro de Detenção de Mulheres