30 de set. de 2010

Apresentadora da oposição imiita Sarney e ironiza defesa de Roseana no programa eleitoral

     Distante do programa eleitoral de TV da filha e candidata Roseana, o ex-presidente e senador José Sarney, ambos do PMDB, apareceu de forma caricata no horário gratuito do concorrente Jackson Lago (PDT). A imitação foi feita por uma mulher. A apresentadora do programa do pedetista, Aline Pereira, de 27 anos, foi quem vestiu-se como Sarney, com paletó, gravata, cabelo grisalho e bigode. Para representar o gestual do senador no vídeo, Aline, estudou durante duas horas cópia de um discurso de Sarney recente no Senado, quando fez sua defesa sobre acusações de emprego do namorado de uma neta no serviço de saúde da Casa. Da época das denúncias dos atos secretos.
     Durante os 30 segundos de duração do vídeo, uma peça de humor da campanha de Jackson, "Sarney" aparece de punhos cerrados fazendo discurso em defesa de Roseana. A voz de Aline é dublada pelo apresentador do programa, Jeisael Marques. Na fala, é repetido um conhecido bordão da época de Sarney presidente da República:
     "Brasileiros e brasileiras. A partir de hoje está proibido falar mal da minha filha e das promessas que ela não cumpre. Quem reclamar dessas coisas é porque não gosta do Maranhão" - afirma o personagem.
     Aline contou que o principal desafio neste papel foi não deixar parecer que era uma mulher se passando por um homem.
 Acho que consegui cumprir bem a missão de encenar um personagem que é homem. Esta foi minha preocupação. Me concentrei bastante - disse Aline Pereira.
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     O vídeo com discurso encenado de Sarney foi exibido duas vezes no programa de Jackson durante a campanha eleitoral de TV, que terminou ontem. Desde a semana passada, essas cenas circulam na internet.
     No trecho final do discurso, o personagem Sarney diz que vai mandar para o Amapá, onde o senador tem seu domicílio eleitoral, os críticos e os opositores da família.
     "Para o Amapá, não! Lá, meus amigos da política são decentes e honestos" - afirma o personagem.
     Esta é a terceira campanha de Jackson Lago que Aline atua. Ela é cearense, mas frequenta o Maranhão desde criança e acompanha a política local.
     Durante a campanha eleitoral, Aline fez outras esquetes, que são essas pequenas peças de humor, no programa de TV de Jackson. Sempre com críticas a Roseana. Numa dessas aparições, a coligação da governadora recorreu à Justiça Eleitoral e conseguiu não apenas suspender a exibição do vídeo, mas impedir toda exibição de um programa do pedetista, cujo tempo de TV era de três minutos. Aline é estudante de artes cênicas, no Rio, ma já atua como atriz.

Dilma "era favorável depois mudou de posição" sobre aborto, diz Marina

     A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, afirmou ontem, quarta-feira (29), que a adversária do PT, Dilma Rousseff, faz "discursso de conviniência" quando fala sobre aborto. Defensora de um plebiscito nacional sobre a questão, a verde, que é evangélica, reiterou sua posição. Segundo ela, Dilma "já disse que era favorável depois mudou de posição". "Não acho que em temas como esse se deva fazer um discurso uma hora de uma forma e uma hora de outra só para agradar o eleitor", acrescentou. Para ela, o importante é "discutir com transparência".
     Marina  concedeu entrevista durante corpo a corpo na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. A candidata afirmou que chegou à capital fluminense um dia antes do debate da TV Globo para "reforçar o trabalho da militância". Sobre a estratégia para o debate de amanhã na TV Globo, Marina declarou que vai manter a mesma "atitude de coerência" do anterior, na Record. "Vou debater o que interessa para o Brasil: saúde, educação e segurança pública, sem pegadinhas e ofensas pessoais. É assim que já estamos numa verdadeira onda verde. Na Amazônia, eu disse que é mais que uma onda, é uma pororoca verde.".

2º turno explicita dúvidas, diz Caetano

     Cabo eleitoral assumido da candidata Marina Silva, o cantor Caetano Veloso, 68, defende a importância do segundo turno nas eleições presidenciais para que "haja uma sensação de que há críticas, há gente de olho, há dúvidas na sociedade".
     Na entrevista a seguir, critica a campanha de José Serra ("não tem que botar Lula na propaganda dele") e faz um balanço de erros e acertos de Lula ("apesar de tudo isso, está no azul"). Leia os principais trechos.
Folha - Pesquisas recentes apontam queda de Dilma e abrem margem para um possível segundo turno. Como vê esse quadro?
Caetano Veloso - Eu torço para que tenha segundo turno. Porque o tom que Lula e Dilma estavam [usando] na campanha, ela insuflada por ele, era um pouco desmedido. E até irrealista. Eufórico demais. Não era bom que fosse uma eleição no primeiro turno, e uma presidente fosse empossada nesse tom.
Por quê?
Deve haver uma sensação de que há críticas, há gente de olho, há dúvidas na sociedade, que a vida é mais complexa. Aquele negócio de Lula pensar que pode dizer tudo quando chega no comício não é bom. Se a eleição se definisse nesse tom, seria um sintoma de que o Brasil realmente estaria em uma regressão populista primária, que eu suponho que o Brasil não tenha mais idade para estar.
A campanha de Serra está mais equilibrada?
Sempre achei errado Serra ficar esse tempo todo fingindo que não teria nada contra Lula, como se estivesse junto dele. Aquilo não funciona. O Brasil é um país grande. Quantos leitores tem a revista "Veja", por exemplo? É sinal de que o país tem várias forças se movendo dentro. Serra deveria ter se apresentado como outra coisa, não tem de botar Lula na propaganda dele. Precisava de um baiano lá para saber fazer a campanha dele [risos].
Qual seria a melhor estratégia para Marina, sua candidata, se houver segundo turno?
O ideal seria que ela subisse, passasse o Serra e fossem duas mulheres para o segundo turno. Ia ser muito bom.
E se isso não acontecer? Ela deve apoiar outro candidato?
Ela pode se abster de apoiar alguém. Mas, se apoiar, dirá claramente por que fez. Marina é a mais moderna. Está num estágio pós-Fernando Henrique e pós-Lula, com o que aconteceu de bom nesses governos. Tem as responsabilidades intelectuais, técnicas e morais que resultaram dos 16 anos de PSDB e PT.
Você se arrepende de ter votado em Lula em 2002?
Nunca me arrependi --nem no auge do mensalão, nem agora, quando ele falou em "extirpar o DEM" e nessa baboseira sobre "mídia golpista". Essas coisas não são aceitáveis, mas, apesar de tudo isso, Lula está no azul.
Por quê?
Ele é uma continuação do governo Fernando Henrique, com mais energia e mais brilho. Lula é uma figura histórica de grande importância, muito maior do que pôde aparecer no filme que foi feito pelo Fabinho [Barreto, "Lula, o Filho do Brasil"]. É um filme legal, mas teve pudor em fazer o que deveria ser feito: se deixar inebriar pela força mítica do grande herói épico e histórico que o Lula é. Se fizesse, seria um clássico.
Da Folha de S. Paulo

Manchetes dos jornais

AQUI -MA -  Será um milagre? Jesus aparece no Radional
ATOS & FATOS - Suspeitas das pesquisas: Roseana ingressa na justiça contra a Exata e a Constat
JORNAL EXTRA - Candidato do rabudo: Deputado é morto a bala na Jordoa
JORNAL PEQUENO - Sarney pede a prefeitos apoio para Roseana em "semana nervosa'
O ESTADO DO MARANHÃO - Pesquisas apontam vitória de Dilma em turno único
O IMPARCIAL - Fraudes eleitoral e previdenciária
TRIBUNA DO NORDESTE - Jackson faz arrastão na Rua Grande