31 de out. de 2010

Sarney: "Votar em Dilma é votar em Roseana"

Wilson Lima
    Sob o título “Domingo, bom Dilma”, a coluna semanal do presidente do senado, José Sarney (PMDB), publicada hoje pela manhã no jornal O Estado do Maranhão, pediu votos à presidenciável Dilma Rousseff (PT), teceu elogios à petista e críticas à campanha de José Serra (PSDB).
    Sarney conclamou o voto dos eleitores maranhenses afirmando que “votar em Dilma é votar em Roseana. Duas mulheres competentes, capazes que irão juntas fazer um governo de inovações e progresso”. “Lula, o operário, fez um grande governo, incorporou o povo nos dividendos do desenvolvimento, mudou a sociedade brasileira e Dilma vai continuar esse trabalho, olhando para nossa região e para o nosso povo. Amiga de Roseana, trabalhando junto com ela como líder do governo no Congresso, abre-se um grande momento para o Maranhão”, projetou o presidente do Senado.
    Em seu texto dominical, Sarney criticou José Serra, alegando que ele não tem conhecimento dos problemas nacionais e que a vitória do tucano seria o retorno da “falta de perspectivas que tínhamos antes do governo Lula”. “Dilma deu um banho de conhecimento, mostrou que conhecia muito mais os problemas nacionais, que tinha uma visão de Brasil mais completa e que a proclamada competência do Serra não passava do Restaurante Fasano, dos granfinos da plutocracia paulista”, alfinetou o presidente do Senado.
    O presidente do Senado ainda complementou. “Seus primeiros programas (eleitorais de José Serra) eram como se fossem para a reeleição ao governo de São Paulo, tal era o enfoque exclusivo que dava às obras que tinha executado em seu estado. Era assim, sem direito a contestação, mesmo que sua candidatura fosse à presidência do Brasil e não ao governo da “Pauliceia Devairada” do nosso Mário de Andrade”

De O Estado de S. Paulo

Eleições 2010 - Presidente eleito será conhecido entre 20h e 21h30 deste domingo

    O horário não é preciso, mas segundo estimativas informais de membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o próximo presidente da República será confirmado matematicamente entre 20h e 21h30 deste domingo (31). Os cálculos são feitos com base no que ocorreu no primeiro turno. Em 3 de outubro, quando estavam em disputa os cargos de presidente, governadores, deputados federais, estaduais e distritais e senadores, às 20h30 já estavam apurados 90% dos votos.
    A crença agora é que a apuração será ainda mais rápida devido ao menor número de cargos concorrentes. Neste segundo turno, entretanto, a advento do horário de verão em alguns estados aumenta a diferença de fuso horário entre regiões do país, o que atrasará o fechamento das urnas e, consequentemente, a apuração. Com isso, a eleição em Estados como Acre só terminará às 19h no horário de Brasília.
Com informações do Estado de S. Paulo

Manchetes dos jornais

GAZETA DA ILHA – Pense num sortudo!
ITAQUI-BACANGA – Matança: Aumenta número de assassinatos e execuções em São Luís
JORNAL EXTRA – Viva a Democracia: Hoje é dia de escolher nosso maior Pinóquio
JORNAL PEQUENO - Povo vai às urnas para eleger novo presidente do Brasil
O ESTADO DO MARANHÃO - Eleições 2010 – Brasileiros elegem hoje seu novo presidente
TRIBUNA DO NORDESTE – Brasil vai as urnas para escolher seu presidente

Lula defende posse de barrados pela Ficha Limpa

Renata Camargo
    Em duras críticas à "falta de clareza" sobre a validade da Lei da Ficha Limpa para estas eleições, o presidente Lula defendeu neste domingo (31) que os candidatos barrados pela Ficha Limpa que receberam votos suficientes para se eleger sejam empossados. "O político sai candidato, é eleito, mas depois não pode assumir. Então, que não deixassem ele ser candidato", protestou Lula ao sair da sessão eleitoral onde votou, em São Bernardo do Campo (SP).
    As críticas à Lei da Ficha Limpa foram feitas durante entrevista coletiva nesta manhã. Em entrevista à imprensa, Lula criticou ainda a tentativa de barrar a posse do deputado federal eleito Francisco Everaldo Oliveira Silva (PR-SP), o Tiririca. O presidente afirmou que "o que estão fazendo com o Tiririca é um desrespeito com um milhão de pessoas que votaram nele". Tiririca foi eleito com 1,3 milhão de votos, mas para tomar posse terá que provar na Justiça Eleitoral que sua declaração de escolaridade não é falsa.
    Na avaliação do presidente, o Congresso Nacional tem "uma parcela de culpa" a respeito da polêmica em torno do prazo de validade da Lei da Ficha Limpa. Lula criticou ainda que "é um erro definir questões políticas no Judiciário". "O Congresso Nacional poderia ter sido mais preciso. Os 81 senadores e os 513 deputados têm uma parcela de culpa em tudo isso", considerou.
"Menor do que entrou"
    Confiante na vitória da candidata petista, Dilma Rousseff, o presidente Lula considerou ainda que o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, "saiu menor do que entrou na campanha política". Lula criticou a "agressividade" de Serra no embate eleitoral contra a candidata do PT.
    "A agressividade dele com a Dilma é uma coisa que eu achava que tinha acabado na política. Fui cinco vezes candidato e perdi três e vocês nunca me viram com esse nível de agressividade", disse Lula. À imprensa, o presidente defendeu a escolha de uma mulher para presidente. Ele afirmou que "as mulheres não são respeitadas e há preconceito na política".
    Lula disse também que Dilma irá construir um governo "com a cara dela e do jeito dela e com pessoas de sua confiança". "Lógico, vou discutir muitas coisas com ela", enfatizou. Lula afirmou que não há possibilidade de se candidatar novamente em 2014 e sinalizou que continuará "socializando", com países da América Latina, as experiências sociais bem-sucedidas de seu governo. "Quando eu entrei, sabia que ia sair. O importante é isso: que você tenha um momento para entrar e para sair. Isso é importante para a democracia", disse Lula.
Do Congresso em Foco

30 de out. de 2010

Exposição emoldura Pessoa para pessoas comuns

    Citado no repertório até dos políticos mais enxovalhados e de artistas bissextos, o poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) é uma unanimidade do ramo. Poeta são sãos. Fernando Pessoa foi um deles. Em “Mensagem”, livro lançado em vida, almejou cohabitar com Camões dentro da língua portuguesa. Conseguiu.
      Dez entre dez brasileiros que apreciam poesia tem no repertório algum verso de Pessoa. Pessoas comuns e os pessoanos comungam máximas de Pessoa. ”Tudo vale a pena se a alma não é pequena” é uma delas. No topo, porém, está “O poeta é um fingidor”.
    Puído até na boca dos políticos e homens públicos em geral quando desejam conferir galões nobres a si próprios, o que costuma ser mais recorrente no caso dos primeiros, os versos supracitados não são únicos motes da exposição “Pessoa, Plural como o universo”, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Até 31 de janeiro vai estar em cartaz no mesmo local.
    Na visita à exposição, os versos ficam mais impressionantes com a ajuda da tecnologia. A linguagem acessível da poesia de Pessoa facilita a digestão do trabalho do cenógrafo carioca Hélio Eichbauer. Em cabines abertas o visitante tem opções de poemas de Alberto Caieiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares, os heterônimos criados por Fernando Pessoa. Exemplifica a simplicidade do múltiplo, isso que hoje é regra.
    O culto ao rei D. Sebastião na exposição do Museu da Língua Portuguesa é gravado na areia com recurso esplendoroso da tecnologia.
    Por ocasião dos 60 anos de morte de Fernando Pessoa e da fundação do Grupo Lusitana, em 1995, o então presidente da Academia Maranhense de Letras, Jomar Moraes, fez editar “Mensagem”, um livro sebastianista.“Dedicado muito cedo às atividades comerciais, nela tenho posto o melhor de meus cuidados e ocupações. Mas, isso não me impediu de admirar, entre justos orgulhos do povo português, a obra de Fernando pessoa”, registro na orelha das Edições da AML o diretor-presidente do Grupo Lusitana, Manoel Alves Ferreira, falecido no ano passado. O Lusitana vive seu crepúsculo.
    Por isso mesmo se constata que, como nos livros, a exposição serve para dar continuidade à glória de Fernando Pessoa que só aumenta com o passar dos tempos. A seguir o exemplo deveria fazer o mesmo com Gonçalves Dias.

Museu de Tudo: Charge histórica de uma das passagens de Gregory Isaac por São Luís

Viva Cidadão mergulha na carência geral do estado e enfeza cidadãos

    Passada as eleições o governo do Estado colocou na garagem todos os carros do Viva Cidadão. Criado em 1998, desde o início de outubro o Viva Cidadão mergulhou numa crise sem precedentes.
    Falta tudo no órgão ligado à Secretaria de Administração e Previdência Social. Comandada até abril pelo deputado federal eleito Luciano Coutinho (PMDB), a carência na SEAPS fulmina principalmente os postos de expedição de documentos. 
    Como medida de contenção eliminou a água e cafezinho para os funcionários e permanece em atraso o pagamento de salários aos contratados pelas empresas terceirizadas, como a Mafra, responsável pela limpeza. Antes responsável pela turma da recepção, a DL teve o contrato encerrado. Uma nova licitação deve mudar parte desse quadro dentro dos próximos dias.
    Sem condições de trabalho, o serviço encolheu e cidadão que o procuram passaram a sair enfezados dos postos. Com o agravante que não podem procurar o Procon, órgão ligado à mesma secretaria.
    Até as vésperas das eleições, os caminhões do Viva Cidadão estacionaram em dezenas de cidades. Na conquista de cidadão o órgão detonou uma campanha absurda de expedição de documentos. Tudo com vistas a incentivar o exercício do voto.
    Em Balsas, local onde esteve estacionado um dos caminhões até o dia 3 de outubro, datas do primeiro turno das eleições mais de 300 carteiras de trabalho foram expedidas em um prazo recorde. O maior incentivador dessa expedição era o deputado federal reeleito Gastão Vieira (PMDB), ex-secretário de Estado do Planejamento.
    A explicação para tamanho interesse em inscrever pessoas no Ministério do Trabalho se apegada à exigência de um documento com foto pela Justiça Eleitoral para o exercício do voto. Com custo de R$ 16,80, a carteira de identidade foi relegada como documento essencial.
    Na semana passada a situação do Viva Cidadão ganhou as páginas do tabloide Aqui-MA, jornal de maior tiragem do estado. A direção não aplaudiu a iniciativa do funcionário inconfidente. Promove uma caça às bruxas nas unidades de São Luís, inclusive na do Jaracati Shopping, empreendimento que tem como sócio o senador José Sarney (PMDB-AP). Com a ação repressora espera empurrar o lixo para debaixo do tapete e mostrar o melhor governo da história do Maranhão.

Manchetes dos jornais

O ESTADO DO MARANHÃO - Datafolha confirma favotismo de Dilma
O IMPARCIAL - MP compra nova briga com bares

29 de out. de 2010

Boca-de-urna pela internet é crime, alerta especialista

     “As eleições 2010 mostraram a imaturidade do brasileiro no uso da internet”, a opinião é do advogado especialista em Direito de Tecnologia da Informação, Alexandre Atheniense. Para ele, a rede mundial de computadores foi usada muito mais de forma negativa do que na apresentação de propostas e apoio aos candidatos. “Durante a campanha eleitoral, a internet foi dedicada a disputa ideológica, troca de acusações e disseminação de boatos dos candidatos a Presidência. O pleito para segundo turno está próximo e uma modalidade de boca-de-urna com certeza se fará presente até o domingo: a boca-de-urna digital”, alerta o especialista.
     A propaganda eleitoral no dia do pleito é proibida por lei. A boca-de-urna, embora muito praticada, pode resultar em detenção e multa. Mas e a internet? Como evitar a boca-de-urna digital? Ela é proibida? Coligações e simpatizantes preparam ações coordenadas de mobilização de seus respectivos “exércitos virtuais” para tentar garantir o voto dos indecisos até o último momento.
     Na visão de Alexandre Atheniense, a boca-de-urna eletrônica é vedada, mas o controle deve ser principalmente exercido pelo cidadão denunciando o fato ao TRE. O advogado explica que a propaganda eleitoral ativa na internet (boca-de-urna eletrônica) no dia das eleições, ou seja, por meio de mensagem eletrônica, prevista no artigo 57-B, inciso III, da Lei nº 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), pode ser penalizada com responsabilização criminal e cível-eleitoral. Segundo ele, a boca-de-urna digital no dia do pleito configura crime previsto no artigo 39, parágrafo 5º, inciso II e III, da Lei nº 9.504/97 e no artigo 54, incisos II e III, da Resolução TSE nº 23.191/2009.
     “É natural que haja a mobilização dos eleitores pelo uso massivo de SMS, chamadas telefônicas, twitters, e-mail ou qualquer forma de interatividade eletrônica. Caso houver alguma denúncia, o TRE poderá encontrar meios de rastreabilidade para identificar os autores da boca-de-urna eletrônica. Teremos que monitorar se o Tribunal irá tomar esta iniciativa a partir da denúncia de algum eleitor”, destaca.
     Na opinião do advogado, estas medidas mereciam ser revistas nas próximas eleições para flexibilizar a utilização da mídia digital pelos eleitores. Para Atheniense, o uso da internet na campanha eleitoral de 2010 foi imaturo. “A campanha na internet teve caráter negativo e difamatório deixando em segundo plano o engajamento, mobilização, debate e apoio aos candidatos”, afirma.

Oito estados, além do DF, disputam segundo turno

    Neste domingo (31), eleitores de todo o país deverão votar em seu candidato à Presidência da República e, em oito estados (Goiás, Alagoas, Pará, Amapá, Paraíba, Rondônia, Roraima e Piauí, além do Distrito Federal), em concorrentes ao governo estadual. Em ambos os casos, o número do candidato e do partido tem dois dígitos.
    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recomenda que os eleitores levem uma cola com o número do candidato, e com isso, agilizar o tempo de votação. Os eleitores poderão ir às urnas entre as 8h e as 17h.
    A estimativa do TSE é que, nos estados onde haverá segundo turnoo tempo médio que cada eleitor gastará na cabine de votação será de 30 segundos. Nas localidades onde haverá votação apenas para presidente, o tempo deverá ser menor. No dia da eleição, os eleitores podem manifestar seu voto, desde que de maneira individual e silenciosa.

Personalidades negam apoio a Dilma e Serra

    Na disputa por votos, ambos os candidatos à Presidência da República divulgaram listas com nomes de personalidades que estariam apoiando suas candidaturas. No entanto, diversos nomes foram incluídos “na marra” nesses manifestos de apoio.
    A escritora Ruth Rocha, por exemplo, reclamou de ter sido incluída em uma lista de apoiadores de Dilma Rousseff (PT). "Eu não a apoio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma", reclamou. Incomodada, a autora fez questão ainda de declarar seu voto em José Serra (PSDB) – para quem gravou um depoimento. Anteriormente, o cineasta José Padilha também pediu para ter seu nome retirado da lista da candidata petista. Ele não declarou apoio a nenhum dos dois presidenciáveis.
    Do lado tucano, reclamações também surgiram. O escritor Afonso Romano de Sant´Anna e os cantores Ivan Lins e Sandra de Sá não autorizaram o uso de seus nomes na lista de apoiadores de Serra. Sandra de Sá declarou apoio a Dilma. Sant´Anna e Lins afirmaram não apoiar nenhum dos candidatos.

VIvas estão abandonados e subutilizados

    Marco da segunda gestão da governadora Roseana Sarney (1998-2002) os Vivas estão entregues às moscas. São 20 localizados na região metropolitana de São Luís e outros no interior do estado. Os espaços pretensamente culturais foram utilizados como pontos de propaganda política da filha do senador José Sarney durante a campanha eleitoral deste ano. Foram elencados como realizações de seus governos anteriores em São Luís.
    Sem conservação, os espaços destinados às apresentações de manifestações artísticas exclusivamente nos períodos de Carnaval e São João estão depredados. Sem programação cultural, os espaços são usados apenas como um bar a céu aberto. No do Vinhais (foto), o teto ameaça frequentadores do logradouro a poucos metros da residência do secretário de estado da Cultura.

Conselho Nacional de Educação barra livro "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato

    Monteiro Lobato (1882-1948), um dos maiores autores de literatura infantil, está na mira do CNE (Conselho Nacional de Educação).
    Um parecer do colegiado publicado no "Diário Oficial da União" sugere que o livro "Caçadas de Pedrinho" não seja distribuído a escolas públicas, ou que isso seja feito com um alerta, sob a alegação de que é racista.
    Para entrar em vigor, o parecer precisa ser homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. O texto será analisado pelo ministro e pela Secretaria de Educação Básica.
    O livro já foi distribuído pelo próprio MEC a colégios de ensino fundamental pelo PNBE (Programa Nacional de Biblioteca na Escola).
    Em nota técnica citada pelo CNE, a Secretaria de Alfabetização e Diversidade do MEC diz que a obra só deve ser usada "quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil".
    Publicado em 1933, "Caçadas de Pedrinho" relata uma aventura da turma do Sítio do Picapau Amarelo na procura de uma onça-pintada.
    Conforme o parecer do CNE, o racismo estaria na abordagem da personagem Tia Nastácia e de animais como o urubu e o macaco.
    "Estes fazem menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano", diz a conselheira que redigiu o documento, Nilma Lino Gomes, professora da UFMG.
Entre os trechos que justificariam a conclusão, o texto cita alguns em que Tia Nastácia é chamada de "negra". Outra diz: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão".
    Em relação aos animais, um exemplo mencionado é: "Não é à toa que os macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens".
    Por isso, Nilma sugere ao governo duas opções: 1) não selecionar para o PNBE obras que descumpram o preceito de "ausência de preconceitos e estereótipos"; 2) caso a obra seja adotada, tenha nota "sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura".
    Nilma disse que a obra pode afetar a educação das crianças. "Se temos outras que podemos indicar, por que não indicá-las?"
    Seu parecer, aprovado por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE, foi feito a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, ligada à Presidência, que a recebeu de Antonio Gomes da Costa Neto, mestrando da UnB.
Da Folha de S. Paulo

Manchete dos jornais

AQUI-MA - Estupro na carrona
ATOS & FATOS - Flávio Dino: Empate no STF é um "desastre para o país"
JORNAL A TARDE - Ufma abre 1918 vagas para estudantes no Sisu
JORNAL EXTRA - Garimpando alunos: Torneio promovido pelo Uniceuma acaba em confusão
JORNAL PEQUENO - Empate no STF "é um desastre para o país", diz Flávio Dino
O ESTADO DO MARANHÃO - São Luís pode ter 1 milhão de habitantes
O IMPARCIAL - Educação: UFMA E IFMA ABREM 3.028 VAGAS
O QUARTO PODER - Só promessas: Castelo engana a população

28 de out. de 2010

O futuro dos jornais(digitais)

SILVIO MEIRA

O problema do jornalismo digital é descobrir modelos de negócio para remunerar a informação de qualidade
    O "Financial Times" anunciou um aumento de 50% nas assinaturas digitais, chegando à marca de 180 mil assinantes. Por outro lado, pesquisa da Edison Research, nos EUA, revela que apenas 8% dos jovens leem jornal (em papel) pela manhã, contra 29% que o faziam em 2000. Segundo a mesma fonte (bit.ly/bGucBi), 42% desse público está na web no começo do dia, e apenas 16% tinham tal hábito há dez anos.
   Compare com as estatísticas da União Internacional de Telecomunicações (UIT, em bit.ly/aoVUS5), dando conta de que o planeta tem 5,3 bilhões de celulares (940 milhões em banda larga), 2 bilhões de pessoas na internet, 71% da população dos países desenvolvidos on-line, 1,6 bilhão de pessoas com acesso à rede em casa e, em países como a Coreia, a Holanda e a Suécia, 80% ou mais das casas conectadas, com a vasta maioria em banda larga.
    Estima-se que 500 milhões de casas (29,5%) estejam conectadas à internet, em todo o planeta, ao final deste ano. O que há por trás de tantos números? Os da UIT dizem que quase todo mundo já tem celular e que a substituição dos telemóveis pelos smartphones ocorre rapidamente. Os primeiros são telefones que podem, com muitas restrições, rodar aplicações básicas; os segundos são sistemas pessoais de computação e comunicação que, caso necessário, também podem fazer "ligações telefônicas". Nossos hábitos estão passando a ter um substrato cada vez mais digital, conectado, móvel e programável. Em tal contexto, onde ficam os jornais e, de resto, tudo o que se convencionou chamar mídia de massa? A se acreditar nas estatísticas, vamos viver em um mundo conectado, é só questão de tempo. Alguns países e regiões chegarão atrasados, como foi (e é) o caso na penetração de outras infraestruturas essenciais como eletricidade, água e esgoto. Mas é razoável assumir que a conectividade será total. Quando for, qual será a importância do jornal (televisivo) das 20h ou do jornal (impresso) das 8h? Pode ser muito grande ou, por outro lado, nenhuma. Ambos serão importantes se e quando descolarem o conteúdo do meio, que já deixou de ser e de definir a mensagem. O meio, além de limitar as mensagens (no impresso, vídeo?) e a interação (no impresso, só cartas à Redação, literalmente), quase sempre localiza e sincroniza conteúdo. Os múltiplos formatos e meios digitais, da web clássica à móvel, programável, redefinem o espaço e o tempo e o fazem a critério das bordas e não sob controle do centro.
    Tanto o "FT" como a edição digital desta Folha, fora dos limites do papel que os carregava no passado, tornam-se globais num clique de custo quase zero, e muda o público, o espaço, o tempo e as receitas.
    Parece claro que na web, fixa ou móvel, o tamanho e a diversidade das comunidades já ultrapassa, em muito, o pico de público que os jornais "de papel" tiveram no seu auge. Parece óbvio que quem determinava -e determina- a qualidade de qualquer fonte ou veículo não era, ou é, o papel.
    Durante muito tempo, o papel era a única forma economicamente viável de carregar informação de um ponto a outro do planeta. Mas, desde o início da internet comercial, sabia-se (http://bit.ly/c8NoMB) que a rede representava "o fim de um dos fins do papel", como meio de transporte, ainda por cima porque levar um "New York Times" de domingo em papel até Recife era ambientalmente irresponsável.
    Finalmente, uma onda de dispositivos (primeiro) de leitura digital e (segundo) de interação em rede, incluindo tablets, pads e smartphones de todos os tipos e fabricantes, melhorou radicalmente a experiência de leitura fora do papel.
    Resultado? Há futuro para jornalismo de qualidade, seja em que meio for... excetuando-se, muito provavelmente, o papel. O problema é descobrir, como está fazendo o "FT", como remunerar a qualidade da mensagem digital, provavelmente usando modelos de negócios multifacetados, em que nem sempre quem se beneficia da informação está pagando por ela. O detalhe, que não é digital, é que sempre foi assim. Ou não foi?
SILVIO MEIRA, 55, fundador do www.portodigital.org e cientista-chefe do www.cesar.org.br, escreve mensalmente nesta coluna. @srlm


Presidente do TRE do Pará diz que não será realizada nova eleição para o Senado

    Na interpretação do presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Pará, João Maroja, não devem ocorrer novas eleições para o Senado no Estado, como quer o PMDB do deputado federal Jader Barbalho. Depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) confirmar ontem Barbalho como um "ficha suja" , a sigla disse que entrará com ação pedindo um novo pleito.
    O argumento usado é que a legislação eleitoral prevê a realização de outra eleição quando mais do que 50% dos votos são nulos --como foram considerados os votos dados em candidatos pegos na lei da Ficha Limpa. Juntos, Barbalho e outro "ficha suja", o petista Paulo Rocha, tiveram mais de 3,5 milhões de votos, ou cerca de 57,2% do total na corrida para o Senado no Pará.
    Mas Maroja disse que a lei só tem sentido para os cargos do Executivo, quando para se eleger o candidato precisa da chamada maioria absoluta --50% dos votos mais um.
    Na disputa pelo Legislativo, é necessário a maioria simples, ou seja, ter mais votos do que os concorrentes, independentemente de quantos votos são. "Não creio nessa hipótese [de novo pleito]", afirmou Maroja. Ele não será responsável, sozinho, por decidir sobre o pedido do PMDB, cuja ação será analisada pela conjunto de juízes do TRE-PA.

Autorização para concurso do INSS deve sair após 2º turno das eleições

     Com a proximidade do fim do ano, o aguardado concurso público para área de atendimento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que, segundo o ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, deverá sair até dezembro, tem mobilizado inúmeros candidatos pelo país afora. Desde o último dia 14, o pedido está sob análise da Assessoria da Secretaria Executiva do órgão. Segundo fontes ligadas à Diretoria de Recursos Humanos do INSS, a autorização deverá sair após o 2º turno das eleições presidenciais, que acontecem no próximo dia 31. O objetivo do INSS é oferecer 2.500 vagas, sendo 2 mil para o cargo de técnico e 500 para o de analista do seguro social.
Do Folha Dirigida

Manchetes dos jornais

ATOS & FATOS - Estado vai fazer concurso com salário até 8 mil reais 
CORREIO DE NOTÍCIAS - Parlamentar precoupado com fastasma da censura
JORNAL PEQUENO - MPF vai fazer fiscalização em terras indígenas no Maranhão
O ESTADO DO MARANHÃO - Sensus dá Dilma com 17 pontos sobre Serra

27 de out. de 2010

29ª Bienal de São Paulo mostra que é possível separar arte e política


Obra do Terreiro "A pele do invisível"
     "Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia. E muito mais feio que um hipopótamo insone". É a "Bienal", canção de Zeca Baleiro. A 29ª Bienal de São Paulo não remete com precisão à letra da composição do maranhense.
    A versão deste ano da bienal está assentada na impossibilidade da separação entre arte e política. Em Sobre arte e política, Max e Engels teorizam que as ideias não levam além do antigo estado de ideias. E só. Na prática a bienal comprova o pensamento dos teóricos da dialética materialista.
  Há estranhezas óbvias, mas, de certa forma, a arte está mais explícita em seu sentido tradicional nesta versão da bienal. À exceção de Nuno Ramos, o artista que levou urubus para agourar o maior evento de artes plásticas da América Latina, não há fissuras radicais de parâmetros estéticos nesta bienal.
Fotografia no Terreiro "Eu Sou a Rua"
   




    Afora o debate sobre as obras, Nuno Ramos, autor da obra “Bandeira Branca” (a dos urubus que acabou envolvendo a justiça e fagulhou debates), inocola veneno na veia das leis de incentivo à cultura e da política. Sobretudo a Lei Rounet, que, segundo ele, contribui sobremaneira para o sucesso de instituições como Santander, Oi e outras de capital importância para o projeto do Brasil desenvolvimentista.
    “Devo muito a elas, mas é uma pena que instituições como o Masp e a Bienal tenham ficado à míngua. Estão um pouco melhor agora. O único modo de as obras aparecerem é tornando fortes as instituições. No Brasil, você prova que o Sarney é corrupto e ele sai ileso. Há um descolamento entre a consciência pública e a realidade institucional, que é nova. Talvez a política mais rica hoje seja mesmo a reconstituição das instituições", teoriza o artista.

Entrada do Terreiro "O outro, o mesmo"
     Nos terreiros, espaços divisórios da grande exposição do Parque Ibirapuera, não há confrontos que levem além do confronto. Nem mesmo Kboco, o artista que teve a obra pixada este ano, quebra paradigmas fora do espaço delimitado do evento.
    ”Há sempre um copo de mar para um homem navegar”, verseja Jorge de Lima em “Invenção de Orfeu”, poeta e poema inspiradores da 29ª Bienal de São Paulo. Mais além do pensamento poético está o pragmatismo da curadoria da Fundação Bienal , um organismo que tem como conselheiro de honra o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira.
    Ex-dirigente do Banco Santos, fraudulentamente falido, Ferreira está preso por crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, crime organizado e formação de quadrilha. Colecionador de artes, amigo da escritora e ativista Pagu (Patrícia Galvão) e do maldito autor de teatro Plínio Marcos, ambos falecidos, e do presidente do Senado José Sarney, Cid Ferreira está condenado a 21 anos de prisão. Na impossibilidade de separar política e arte, o ex-banqueiro permanece honrosamente no conselho da Bienal.


Portão do pavilhão Ciccilio Matarazzo
 
    É possível que aí resida o poder da arte de sanear a política. Isso a 29ª Bienal quer provar. Não consegue, porém. Desde o portão de entrada se comprova o descompasso entre querer e poder.
    Num domingo de sol e calor no Parque do Ibirapuera, a indiferença do público aos acordes de uma sanfona cafona até a alma, tocada por um artista de rua, talvez seja pela expectativa do que virá após o baculejo nas bolsas e sacolas do visitantes. Afinal, novamente, com exceção de Kboco, dentro  do pavilhão fervilha a arte. Impossível seria separar arte e política. Não é o que ocorre na realidade.
    Na visita à 29ª Bienal ainda é possível flagrar a arte em suas multiformas contemporâneas. Embora as imagens digitais na tela do computador jamais provoquem a sensação do olhar, em tempos de interatividade online eis aí o possível. No mais, em tempos de assertivas  correto é afirmar que a cultura é regra, enquanto que arte é exceção, até mesmo na Bienal.Quanto a política, não há regras, muito menos exceção. Tudo é possível.

Meu pai

Ferreira Gullar

Meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem
quando lhe levei
óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardando-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro
Ferreira Gullar é poeta, maranhense e mora em Copacabana, no Rio de Janeiro. Do livro "Muitas Vozes" (1999).

Editorial do Financial Times defendendo eleição de Serra é critica por ministro do Planejamento

    O editorial do Financial Times defendendo a eleição de José Serra para presidente do Brasil foi criticado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Segundo ele, é estranho que uma publicação estrangeira "se meta a fazer esse tipo de avaliação". Paulo Bernardo ainda disse que o "imperialismo britânico acabou".
    "Se a gente for se pautar por um jornal britânico é o fim da picada. Nós fomos colônia da Inglaterra nos anos mil oitocentos e qualquer coisa. O imperialismo britânico acabou há muito tempo", declarou.
    Licenciado do ministério com o objetivo de se dedicar inteiramente à campanha petista no Sul, Paulo Bernardo afirmou em encontro com prefeitos catarinenses na segunda que a eleição de Dilma representa a continuidade do governo Lula. Segundo o editorial do Financial Times, com o “papel que o popular padrinho de Dilma assumirá se ela ganhar”, o Brasil teria uma situação de “presidência paralela”.

Maranhão pode bater novo recorde de abstenção

    O prefeito João Castelo (PSDB) quer elevar a votação de José Serra em São Luís mantendo o funcionalismo no cabresto. Castelo não pretende decretar ponto facultativo na segunda-feira,1º de novembro, nos órgãos da Prefeitura de São Luís.
   Com a medida quer segurar o eleitor na cidade, impedindo a evasão turística. Vai ser difícil diante do feriadão que o Estado e até o Poder Judiciário decidiram conceder aos barnabés. O Tribunal de Justiça voltou atrás hoje e transferiu a folga pelo Dia do Servidor para segunda.
    A abstenção no primeiro turno no Maranhão foi recorde no país. Perto de 30 por cento dos eleitores deixaram de ir às urnas. No segundo a coisa pode piorar. Sem o transporte permitido pela Justiça Eleitoral - como ocorreu no primeiro turno no estado mesmo com decisão contrária do TSE - a lógica é elevar o número dos que não votarão nem em Dilma, nem em Serra.

Repórter acusa Aloysio Nunes de xingá-lo de “filho da p...”. Senador eleito nega

Izabela Vasconcelos
    O repórter João Peres, da Rede Brasil Atual e Revista do Brasil, acusa o senador eleito por São Paulo Aloysio Nunes (PSDB) de xingá-lo de “filho da p...”. O político admitiu que chamou o jornalista de “pelego”, mas negou que o tenha xingado de outro nome. A discussão aconteceu antes do debate dos presidenciáveis, realizado na segunda-feira (25/10) pela Record.
    O jornalista disse que se apresentou ao senador para perguntar a expectativa sobre o debate, depois a assessora de imprensa do político teria perguntado a quem era ligada a Revista do Brasil, ao responder que era ligada a vários sindicatos, o senador começou a chamá-lo de “pelego”.
    “Eu perguntei se não podíamos conversar, mas ele voltou a dizer que eu era pelego e que a revista era financiada pelo PT. Então perguntei quem financiava a Veja, e ele voltou a me chamar de pelego. Questionei a educação dele e ele me chamou de ‘pelego filho da p...’". “Não esperava essa reação. Fiquei completamente desorientado”, relatou o repórter.
    Segundo ele, a reação do senador tem relação com a decisão do PSDB, que na última semana pediu a retirada da edição número 52 da revista, tanto das bancas, como do site. O pedido foi atendido em parte pelo TSE. A revista foi retirada apenas na versão online. Para o PSDB, a matéria “A vez de Dilma: O país está bem perto de seguir mudando para melhor” fazia campanha pró-Dilma.
    A assessoria de imprensa de Aloysio Nunes negou o xingamento e disse que o político se negou a dar entrevista ao jornalista, mas afirmou que o repórter mentiu sobre o xingamento. Segundo a assessoria, “palavrões não fazem parte do vocabulário” do político.
    Em seu Twitter, Aloysio Nunes comentou o caso. "O 'jornalista' faz o que eu esperava dele: mente quando afirma que o xinguei de fdp. Chamei de pelego, o que é verdade e, a mim, muito pior".
Do Comunique-se

"Tropa de Elite2": mudou a vista, mudou o ponto

*Marina Silva
No primeiro "Tropa de Elite", era o mano a mano, aquilo que a psicodinâmica chama de pedagogia de violência, a tese da eliminação do crime pela eliminação do criminoso. Em "Tropa de Elite 2", entram a política, a sociedade e os direitos humanos.
    Os personagens são mais complexos e interessantes. O professor militante e o agora tenente-coronel Nascimento se estranham, mas se encontram, mesmo sem o querer, na realidade dura que os envolve, em que um é indispensável ao outro.
    Quando o coronel "cai pra cima" e começa a conhecer mais a fundo a sordidez entranhada no "sistema", já fica claro que, neste filme, a polícia é coadjuvante. Agora, o assunto é política, em que se choca o ovo da serpente da violência policial e das relações espúrias entre poder de Estado e delinquência.
    A escória da polícia se transforma em força auxiliar de ambições políticas e, com isso, ganha licença irrestrita para o crime. Nascimento e seus seguidores são manipulados no território que não tem mais fronteiras legais porque a lei que vale já é a da própria bandidagem.
    Como enfrentar? O mano a mano revela-se inútil porque a mão que joga combustível na violência não está nas ruas, no tiroteio do dia a dia. O sistema corrupto se alimenta do objetivo de permanecer no poder a qualquer custo e essa é uma das principais chaves para a degradação da política e do próprio tecido social.
    É muito bem construída a trajetória da mudança de visão de Nascimento. Só consegue fazê-lo por meio do encontro com sua própria humanidade, no sofrimento pessoal de perdas e na relação conflituosa com o filho, ao lutar para compreendê-lo e ser compreendido por ele.
    Daí vem a consciência de sua impotência, de ser pequena presa numa teia incomparavelmente maior do que suas estratégias e possibilidades de reagir. A saída é radicalizar no mundo da política, é tentar atingir o cerne da armadilha.
Depressão Política
    O final me deu certa depressão política. É forte, mas passa uma sensação de generalização que não é boa porque reafirma o senso comum de que se sabe qual é o exato endereço do Mal. Destoa da capacidade de lidar com a complexidade do tema, presente em todo o filme. E se perde um pouco a importantíssima cortina levantada em relação ao voto, à responsabilidade de cada cidadão.
    Recebi há alguns dias um texto de Rachel de Queiroz (1910-2003), escrito em 1947 para "O Cruzeiro". Ela alertava os eleitores do valor daquilo que se entrega a maus políticos: "Vão lhes entregar um poder enorme e temeroso, vão fazê-los reis; vão lhes dar soldados para eles comandarem... Entregamos a esses homens tanques, metralhadoras, canhões, granadas, aviões, submarinos, navios de guerra... E tudo isso pode se virar contra nós e nos destruir, como o monstro Frankenstein se virou contra o seu amo e criador."
    A cartada radical de Nascimento é pegar o inimigo não pela força das armas, mas pela coragem de expor o sistema, trincando-o. O trânsito do primeiro para o segundo "Tropa de Elite" é o coração da discussão proposta por esse belo filme, de interpretações magníficas.
    Nesse sentido, a impotência e a perplexidade que podem baixar quando a luz se acende no cinema são um convite de não rendição às circunstâncias. No limite, como aconteceu com Nascimento, todos vamos querer nos reencontrar com nossa humanidade, exigir que ela seja reconhecida.
    Há sempre um ponto de retorno dado pelos indivíduos ou pela trama social, pela cultura, pela espiritualidade ou pelas instituições, entre elas a política. Que é das mais importantes, como se vê quando nos deparamos com as consequências de sua deterioração.

*Marina Silva, 52, é senadora da República (PV-AC), foi candidata à Presidência da República pelo Partido Verde nesta eleição e ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula (2003-2008).

'Estado' está sob censura há 453 dias

Desde o dia 29 de janeiro, o Estado aguarda definição judicial sobre o processo que o impede de divulgar informações a respeito da Operação Boi Barrica, pela qual a Polícia Federal investigou atuação do empresário Fernando Sarney. A pedido do empresário, que é filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o jornal foi proibido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal em 31 de julho do ano passado de noticiar fatos relativos à operação. No dia 18 de dezembro, Fernando Sarney entrou com pedido de desistência da ação contra o Estado. Mas o jornal não aceitou. No dia 29 de janeiro, o advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira apresentou ao TJ-DF manifestação em que sustenta a preferência do jornal pelo prosseguimento da ação, a fim de que seu mérito seja julgado.
De O Estado de S. Paulo

Roseana Sarney já fala em reduzir máquina e dispensar aliados

    A governadora reeleita Roseana Sarney (PMDB) anuncia que vai enxugar a máquina. Das 30 secretarias da administração estadual algumas serão extintas. Quando assumiu pela terceira vez o governo Roseana Sarney ampliou a folha. Desdobrou a secretaria de Cidades e Infraestrutura, por exemplo, em duas. Tudo em nome da acomodação dos aliados do projeto de continuidade.
    Secretarias criadas no governo Jackson Lago, como da Igualdade Racial, da Mulher, do Trabalho e Economia Solidária permaneceram inalteradas diante da forte interferência das ações destas em camadas populares. São espelhadas na estrutura da administração federal.
    Embora reeleita com apoio de um leque de tons multipartidários, a governadora tem dito que optará por um perfil técnico na composição da sua equipe. É a estratégia para afugentar os zilhões de pedidos. Alguns são aguardados. Por exemplo: onde acomodar Costa Ferreira, fiel sarneysta. Como dispensar Filuca Mendes, ex-prefeito de Pinheiro e pai do deputado verde Victor Mendes, fiel da base governista.
    Nunca antes em sua história como mandatária fez tal opção. Pelo contrário: na escolha a política é o atributo maior. "Sou política, não poderia escolher um secretariado que não fosse político", afirmou Roseana Sarney quando eleita pela primeira vez em 1994. E assim é e será se lhe parece.

Manchetes dos jornais

O ESTADO DO MARANHÃO - Serra desdenha da construção das refinarias no NE
O IMPARCIAL - Flagrante: Mesário ajuda eleitor a votar. Pode?

26 de out. de 2010

Califórnia vai votar a legalização da maconha

LOS ANGELES - Quando forem às urnas no próximo dia 2 de novembro para escolher seus novos representantes em Washington, os eleitores da Califórnia decidirão também sobre a legalização da maconha nesse estado norte-americano.
    Se a proposta for aprovada, qualquer cidadão maior de 21 anos poderá portar legalmente a droga para seu consumo privado. Além disso, passará a ser permitido o cultivo privado da Cannabis sativa (nome científico da planta da maconha e do haxixe) numa área de dois metros quadrados.
    A regulamentação e o controle serão tarefa dos municípios, que também serão responsáveis pelas licenças para produtores e vendedores e pelo recolhimento de taxas sobre a venda do produto.
Argumentos dos defensores
    O empresário Richard Lee, de 48 anos, é um dos principais defensores da proposta de legalização da droga, conhecida como Proposição 19. Ele argumenta que a proibição – hoje em vigor – não funciona, e que até mesmo crianças têm acesso mais fácil à maconha do que ao álcool.
    Outro argumento é que a ilegalidade criou um enorme mercado negro, que sustenta o crime organizado. Além disso, a polícia estaria desperdiçando dinheiro do contribuinte ao perseguir fumantes de maconha em vez de se ocupar com os "verdadeiros criminosos".
    Por fim, também o Estado sairia ganhando com a legalização. Dos supostos 14 bilhões de dólares que a venda da droga movimenta a cada ano, os falidos cofres públicos poderiam arrecadar mais de 1 bilhão em impostos.
Posição dos críticos
    Os adversários da proposta falam em motoristas de ônibus escolares "chapados" e funcionários de cantinas que, além de doces e frutas, passarão a oferecer também biscoitos de maconha.
Além disso, argumentam, a diretriz federal que garante o direito a um ambiente de trabalho e de estudos livre de drogas não poderá mais ser cumprida, o que levará à suspensão de verbas federais para universidades e escolas. Eles lembram que, independentemente do resultado do plebiscito, a posse de maconha continuará sendo proibida pela lei federal.
    O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, anunciou que as autoridades federais continuarão atuando contra a posse de maconha na Califórnia mesmo que a Proposição 19 seja aprovada. O governo Obama "é absolutamente contra" a Proposição 19, assinalou Holder numa carta à Força Administrativa de Narcóticos (Drug Enforcement Administration).
    Holder escreveu ainda que, com a lei, se tornará mais difícil "combater traficantes de drogas que, além de maconha, vendem cocaína e outras substâncias proibidas". Segundo ele, o Departamento de Justiça vai elevar o controle sobre indivíduos e organizações que portam, manufaturam e distribuem maconha, mesmo que essas atividades sejam permitidas pela lei estadual.
Sob prescrição médica
    A posição contrasta com a postura adotada pelo governo federal até agora. Na Califórnia, o uso medicinal da maconha é permitido desde 1996. As "razões médicas" para seu uso, no entanto, são bem abrangentes. Dor de cabeça, insônia, perda de apetite – é grande a lista de sintomas que garantem a prescrição da droga.
    De posse da licença, a compra em lojas especializadas é plenamente legal. Desde que Barack Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos, as autoridades federais têm relaxado o controle da venda e posse da droga.
O chefão do combate às drogas nos EUA (drug czar), Gil Kerlikowske, advertiu que os jovens experimentam maconha cada vez mais cedo. Apesar da proibição vigente, continua diminuindo a idade média em que se consome a droga pela primeira vez: de 17,8 anos em 2008 para 17 anos em 2009. "A percepção do perigo das drogas está cedendo", disse Kerlikowske.
Posição de afro-americanos e latinos
Pesquisas de opinião ainda não conseguem prever um resultado claro do plebiscito na Califórnia. Os próprios institutos de pesquisa dizem que muitos simpatizantes da legalização se dizem contra quando consultados, por temer expor sua opinião sobre um tema polêmico.
As listas de pessoas favoráveis ou contrárias são longas. Alguns sindicatos apoiam a proposta, argumentando que ela criaria empregos. A NAACP, organização de afroamericanos, e a comunidade de eleitores latinos defendem a legalização. Para eles, trata-se de uma questão de direitos humanos, pois as principais vítimas da guerra às drogas seriam as crianças de origem afroamericana ou latina.
Segundo o site Huffington Post, três deputados democratas da Califórnia seriam a favor da legalização. O governador Arnold Schwarzenegger e a maioria dos candidatos a cargos importantes na Califórnia se posicionaram contra a proposta, da mesma forma como dezenas de jornais e até mesmo a associação californiana de comerciantes de cervejas e bebidas.
Redação Uipi!

Procuradora-geral de Justiça do Maranhão recebe ouro do tucano de Minas

    Na mesma trilha da sua suprema vaidade a procuradora-geral de Justiça do Maranhão, Maria de Fátima Travassos Cordeiro divulga que receberá nesta terça-feira, 26, medalha do governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia(PSDB). Será agraciada com a Medalha Santos Dumonte, uma  comenda que distingue “mérito cívico de personalidades e entidades que, de modo relevante, tenham contribuído para o desenvolvimento e o progresso do país. Concedida em três graus: ouro, prata e bronze. à procuradora do Maranhão será reserva a mais nobre.

Maranhão municia guerra entre Dilma e Serra

    O Maranhão por diversas vezes foi citado no debate entre os dois candidatos à Presidência da República no debate promovido pela Rede Record. A refinaria Premium da Petrobras no município de Bacabeira (MA) foi um dos primeiros pontos da discórdia no debate entre Dilma e Serra na Record. Para a petista a refinaria no Maranhão já é uma realidade. 
    A candidata afirmou que uma refinaria não se faz do dia para a noite e que são necessários no mínimo sete anos para que a obra seja concluída. A do Maranhão foi lançada em 2009 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela própria Dilma Rousseff em sua única visita ao estado. Como a oposição ao grupo Sarney no estado, que usou como plataforma eleitoral a refinaria, José Serra diz que a obra ainda está no papel.
    Em outro momento do debate Dilma citou a Ferrovia Norte- Sul como exemplo de investimento no Nordeste. A obra iniciada no governo José Sarney (1985-1990) corta as regiões do Centro-Oeste, Norte e Maranhão. Envolvida em vários escândalos de corrupção, segundo Dilma Rousseff a Norte-Sul avançou significativamente no governo Lula com mais de 1000 quilômetros de construção. A ex-ministra da Casa Civil do governo Lula apontou que entre o governo Sarney e Lula foram construídos apenas 300 quilômetros da ferrovia. Como aliada de Sarney, em nome da governabilidade, Dilma enfatizou que parte das realizações antes de Lula foi realizada pelo presidente do Cruzado.
    Serra citou ainda a precariedade da saúde no estado. Prometeu construir hospitais regionais com UTIs. No Maranhão dezenas de crianças morreram em Imperatriz e também na capital por falta de oferta das unidades. Dilma Rousseff afirma que as UPAs resolvem a questão.
    O tucano acusou Dilma Rousseff de não conhecer o Nordeste. Serra esteve no Maranhão no primeiro turno das eleições. A petista não veio ao Maranhão nem no primeiro, nem no segundo turno. Com votação acima de 70% no estado, acha que aqui já ganhou, com a ajuda do grupo Sarney. Assim pensam eles.

Globo usa traço no debate da Record

    A Rede Globo ignorou por inteiro o debate entre os candidatos À Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) promovido pela Record na noite de segunda-feira. Foi o penúltimo debate antes das eleições do domingo, 31 de outubro.
    Na cobertura sobre atividades dos candidatos a emissora registrou apenas a apresentação dos 13 pontos da proposta de governo da petista e o encontro do tucano com membros da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC.

Manchetes dos jornais

O ESTADO DO MARANHÃO - Vox Populi aponta vitória de Dilma sobre Serra
O IMPARCIAL - Governo quer teste de Aids nas escolas

25 de out. de 2010

Políticos fazem pressão pela validade imediata da Ficha Limpa

    Políticos favoráveis à aplicação da Lei da Ficha Limpa já nessas eleições estudam maneiras de aumentar a pressão para que o Supremo Tribunal Federal (STF) “tome a melhor decisão”, nas palavras do senador José Nery (PSOL-PA).
    Para isso, Nery está articulando conversas com entidades que participaram dos esforços pela aprovação da Lei da Ficha Limpa, pelo Congresso Nacional. Entre essas estidades, estão a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
    O senador pensa, inclusive, em realizar uma vigília na quarta-feira (27) – data em que será julgado pelo Supremo o recurso de Jader Barbalho contra a Ficha Limpa – com outros senadores que também desejam a validade imediata da lei, como Pedro Simon (PMDB-RS), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF), por exemplo. Porém, Nery ainda não conversou com nenhum deles sobre essa possibilidade.

Morre Gregory Isaacs, o romântico do reggae

O cantor jamaicano Gregory Isaacs (1951-2010)
    O cantor jamaicano Gregory Isaacs morre no sábado,23, em Londres. O músico sofria de câncer no pulmão e morreu em sua casa em Londres, informou à BBC sua viúva, Linda.
    Gregory Isaac é um dos nomes mais fortes nos salões de reggae do Maranhão. Por duas vezes Isaacs esteve em São Luís para fazer show. Na primeira vez em que esteve na ilha entrou para a história do show business da ilha do Maranhão.Aguardado por milhares de fãs no estádio Nhozinho Santos, Gregory Isaacs desceu do avião já na madrugada do show. A massa regueira o esperava para o show memorável. Ele subiu ao palco e fez um playback de seus maiores sucessos.
    Com a promessa de ressarcir o prejuízo Isaac permaneceu na cidade por mais um dias. Quase uma semana. Hospedado em um hotel na orla, Isaacs se entregou aos prazes carne e da mente. A conta nas alturas fez com que ele tentasse deixar São Luís às escondidas. Foi barrado por policiais que o conduziram até à delegacia do 1º DP, no centro histórico. Lá chegando, tentou se explicar. A delegada de plantão, sem dominar nadica de inglês mirou os dreadlooks do cantor e tascou: "Também com esse inglês de maconheiro, não dá para entender".
    A passagem tumultuada de Gregory Isaacs pela cidade não arrefeceu a idolatria por ele nutrida pela massa reggueira frequentadora dos salões de reggae.
    "Gregory foi muito amado por todos, seus fãs e sua família, e ele trabalhou duro para se certificar que sua música chegaria àqueles que ele amava e apreciava", disse sua mulher Linda.
    Entre as pedras cultuadas pela massa da capital brasileira do reggae estão ''Night Nurse', 'My Only Lover' e 'Number One', todas gravadas nos anos 1980. Sua elegância vocal lhe rendeu o apelido de"Mr. Cool Ruler'". Deixou seguidores como Jack Johnson, representante da surf music.
Trajetória
    O reggaeman chegou ao show biz em 1982, quando lançou o álbum "Night Nurse", gravado nos estúdios de Bob Marley na Jamaica, o Tuff Gong. O disco alcançou o topo das paradas na Grã-Bretanha, para onde ele se mudaria - uma versão da música gravada por Sly and Robbie com o Simply Red ajudaria a espalhar seu nome.
    Rastafari como seus irmãos, ele disse, em depoimento ao documentário Land of Look Behind, de 1982: "Rastafari é parte do meu negócio porque sem o rasta não haveria negócio. O rasta não é algo que você vai lá e se junta a ele. Não, é o próprio Jah que vai e toma você, foi ele quem me disse: Gregory, agora você vai me servir".
Bio
    Gregory Anthony Isaacs nasceu em 15 de julho de 1951, em Fletchers Land, Kingston, Jamaica. "Ele foi um grande artista do reggae e também dono dos mais bem cortados ternos dos palcos globais", disse o cantor Suggs, que o homenageou durante a cerimônia dos Q Awards em Londres. Isaacs esteve no Brasil em 1999, no Via Funchal, numa edição nacional do Reggae Sunsplash Festival.

Livro relata embate entre Coelho Neto e Lima Barreto no terreiro do futebol

   A Difel acaba de colocar na prateleira o livro "Lima Barreto versus Coelho Neto, Um Fla-Flu Literário", organizado e comentado pelo pesquisador e ensaísta Mauro Rosso. Em suas páginas as crônicas e artigos com que Lima Barreto dardejou sua virulenta e intransigente crítica-repúdio ao futebol, e os textos em que Coelho Neto, ao contrário, só fez cantá-lo em prosa e verso , tendo ao fundo os contextos histórico, cultural e literário nos quais se desenrolaram as pelejas e manifestações intelectuais de um e outro time.
    "Lima Barreto versus Coelho Neto" provoca belas trocas de passes e tabelinhas entre futebol e literatura – que, para quem duvida ou desdenha, existe sim e propicia estimulantes ilações e reflexões de ordem cultural, histórica, política e até filosófica. Desenroladas e desenhadas originariamente nas duas principais cidades do país – Rio de Janeiro e São Paulo –, pioneiras na aceitação e recepção intensas, na implantação e sedimentação, mas também na geração de polêmicas e cotejos retóricos.
    Uma obra que, sobretudo, reitera a persistência do futebol no provocar polêmicas e alegrias, prazer, tristeza, paixões e ódios — nos campos, nos estádios, nos gramados, nas arquibancadas, nos terrenos baldios, nas várzeas, nos estudos e obras de intelectuais, nos corações e mentes de todo o país.
Trecho
“Em anos como os que estão correndo, de uma literatura militante, cheia de preocupações políticas, morais e sociais, a literatura do Sr. Coelho Neto ficou sendo puramente contemplativa, estilizante, sem cogitações outras que não as da arte poética, consagrada no círculo dos grandes burgueses embotados pelo dinheiro. Indo para a Câmara, onde não podia ser poético ao jeito do Sr. Fausto Ferraz, porque o Sr. Neto tem senso comum; onde também não podia ser político à guisa do Sr. Urbano Santos, porque o Sr. Neto tem talento, vergonha e orgulho de si mesmo, do seu honesto trabalho e da grandeza da sua glória; indo para a Câmara, dizia, o grande romancista sem estar saturado dos ideais da época não pôde ser o que um literato deve ser quando logra pisar em tais lugares: um semeador de ideias, um batedor do futuro.
Para os literatos, isto foi uma decepção; para os políticos, ele ficou sendo um qualquer Fulgêncio ou Marcelino. Não é de admirar portanto que um Fulgêncio ou um Marcelino tenham eles escolhido para substituí-lo. Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.”
(p.37-38 - Lima Barreto, em Lanterna, 18/01/1918)
Comentários sobre o livro
“O livro de Mauro Rosso não é apenas uma tese, mesmo que tenha nascido como tal. É um estudo sério para ser lido e apreciado tanto por quem gosta de um bom romance como por aquele que vai ao estádio todo domingo. Cobre o período pré-vitória brasileiro em canchas da Suécia. Na verdade, precede em anos os dias em que o brasileiro, com todo desfalque de Leônidas, viu-se no direito de sonhar com a Copa do Mundo.” (João Máximo)
“Enfim, Coelho Neto estava mais para João Havelange (noves fora os pendores literários) e Lima Barreto para João Saldanha (noves fora a paixão de Saldanha pelo futebol, reflexo do seu conhecimento da alma nacional).” (Juca Kfouri)

Livro
Lima Barreto versus Coelho Neto, Um Fla-Flu Literário
Mauro Rosso
Difel – selo editorial da Bertrand Brasil
240 páginas
Preço: R$ 39,00

Mais três estados planejam criar conselho para monitorar mídia

    Os governos do Piauí, Bahia e Alagoas planejam seguir os passos do Ceará e criar conselhos de comunicação com objetivo de monitorar a mídia.
    O governo de Alagoas, do PSDB, estuda transformar um conselho consultivo em deliberativo, com poder semelhante ao do cearense.
    No Piauí, um grupo de trabalho nomeado pelo ex-governador Wellington Dias (PT) propôs a criação de órgão para, entre outras funções, vigiar o cumprimento das regras de radiodifusão.
Na Bahia, governada pelo PT, o conselho seria vinculado à Secretaria de Comunicação Social do Estado.
    Nos três casos, há envolvimento do Executivo. Em São Paulo, tramita projeto similar ao do Ceará.A criação dos conselhos foi recomendação da Conferência Nacional de Comunicação, convocada pela gestão Lula. Entidades da área criticam as iniciativas. A Abert (do setor de rádio e TV) teme a simulação de “clamor para justificar” o controle social sobre a mídia pelo governo federal.
Com informações da Folha de S. Paulo

Manchetes dos jornais

O ESTADO DO MARANHÃO - Campanha agita todo o Maranhão no fim de semana
O IMPARCIAL - As contradições dos presidenciáveis

24 de out. de 2010

Decrimocracia

Fernanda Torres *
    É um choque perceber que, além das suspeitas clássicas de corrupção, existe uma diretamente ligada à eleição.
    APROFUNDAMENTO DAS diferentes agendas dos candidatos? Esquece. O segundo turno começou temente a Deus e ameaça terminar em tiro.
    Lula jura que o objeto que acertou a cabeça de Serra não passou de papelão. Serra, além de tonto, se mostrou indignado.
    Um perigoso saco plástico cheio d'água atingiu o carro da comitiva de Dilma em Curitiba.
    O sigilo fiscal de pessoas ligadas a Serra teria sido quebrado por adversários dentro do próprio PSDB e depois jogado aos tigres pelo PT.
    Watergate perde.
    Grande parte da energia dos dois combatentes foi gasta em rezas e na tentativa de convencer o eleitor de que os supostos desvios financeiros para custeio de campanha, tanto no Distrito Federal quanto em São Paulo, teriam acontecido à revelia deles.
    Dilma afinou o discurso e afirma que Erenice Guerra errou ao usar o poder de seu cargo em benefício da própria família e o governo acertou em agir com prontidão, afastando os envolvidos e abrindo sindicância. Nenhum dirigente é capaz de saber de tudo o que ocorre à sua volta e ponto final.
    Erenice aceitou a reprimenda de maneira exemplar. Não deu nenhuma declaração que comprometesse Dilma ou o PT e, ao contrário de Paulo Preto, jamais reclamou por ter sido abandonada na beira do caminho.
    A política requer um pacto de confiança figadal.
    Que o diga Joaquim Roriz e sua senhora, a Weslian Perpétuo Socorro Roriz. Depois do advento do divórcio, da pílula anticoncepcional e do amor livre, poucos são os que podem contar com o perpétuo socorro de uma esposa como a do ex-governador do DF.
    Numa profissão em que o acesso à informação privilegiada e aos contratos faraônicos de energia, transporte e comunicação gera fortunas e perpetua o poder, restringir o círculo de amizades é um cuidado imprescindível.
    O grande choque da democracia recém restabelecida no Brasil é perceber que além das suspeitas clássicas de corrupção, que sempre envolveram os poderosos, existe uma outra, nova, relacionada diretamente à corrida eleitoral.
    Muitos dos recentes escândalos, comprovados ou não, rondam o financiamento de uma máquina chamada eleição.
    Com raríssimas exceções, todos os partidos têm custos superiores aos declarados para lançar seus candidatos nas ruas. O efeito colateral de tamanha informalidade são os milhões em caixas dois e os maços de dinheiro escondidos em cuecas, bolsos e sapatos dos mais desavisados.
    Os que assumem o papel de cuidar da circulação sanguínea do dinheiro vivo do guichê de apostas eleitoral são peças tão fundamentais quanto a senhora Weslian para o ex-governador Joaquim Roriz. Diante de qualquer problema, sabem que sofrerão na pele a malhação de Judas pelo bem de um projeto político.
    A solitária figura de PC Farias é um exemplo sinistro do fato. Quando ocorreu o mensalão, o PT ameaçou retroceder as investigações até o período em que o PSDB estava no comando, numa espécie de atire a primeira pedra aquele que nunca pecou.
    Como curar a política desse incurável desvio congênito?
    Não seria exagero sugerir que, desse jeito, a democracia leva ao crime.
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FERNANDA TORRES é atriz