30 de out. de 2010

Exposição emoldura Pessoa para pessoas comuns

    Citado no repertório até dos políticos mais enxovalhados e de artistas bissextos, o poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) é uma unanimidade do ramo. Poeta são sãos. Fernando Pessoa foi um deles. Em “Mensagem”, livro lançado em vida, almejou cohabitar com Camões dentro da língua portuguesa. Conseguiu.
      Dez entre dez brasileiros que apreciam poesia tem no repertório algum verso de Pessoa. Pessoas comuns e os pessoanos comungam máximas de Pessoa. ”Tudo vale a pena se a alma não é pequena” é uma delas. No topo, porém, está “O poeta é um fingidor”.
    Puído até na boca dos políticos e homens públicos em geral quando desejam conferir galões nobres a si próprios, o que costuma ser mais recorrente no caso dos primeiros, os versos supracitados não são únicos motes da exposição “Pessoa, Plural como o universo”, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Até 31 de janeiro vai estar em cartaz no mesmo local.
    Na visita à exposição, os versos ficam mais impressionantes com a ajuda da tecnologia. A linguagem acessível da poesia de Pessoa facilita a digestão do trabalho do cenógrafo carioca Hélio Eichbauer. Em cabines abertas o visitante tem opções de poemas de Alberto Caieiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares, os heterônimos criados por Fernando Pessoa. Exemplifica a simplicidade do múltiplo, isso que hoje é regra.
    O culto ao rei D. Sebastião na exposição do Museu da Língua Portuguesa é gravado na areia com recurso esplendoroso da tecnologia.
    Por ocasião dos 60 anos de morte de Fernando Pessoa e da fundação do Grupo Lusitana, em 1995, o então presidente da Academia Maranhense de Letras, Jomar Moraes, fez editar “Mensagem”, um livro sebastianista.“Dedicado muito cedo às atividades comerciais, nela tenho posto o melhor de meus cuidados e ocupações. Mas, isso não me impediu de admirar, entre justos orgulhos do povo português, a obra de Fernando pessoa”, registro na orelha das Edições da AML o diretor-presidente do Grupo Lusitana, Manoel Alves Ferreira, falecido no ano passado. O Lusitana vive seu crepúsculo.
    Por isso mesmo se constata que, como nos livros, a exposição serve para dar continuidade à glória de Fernando Pessoa que só aumenta com o passar dos tempos. A seguir o exemplo deveria fazer o mesmo com Gonçalves Dias.

Museu de Tudo: Charge histórica de uma das passagens de Gregory Isaac por São Luís

Viva Cidadão mergulha na carência geral do estado e enfeza cidadãos

    Passada as eleições o governo do Estado colocou na garagem todos os carros do Viva Cidadão. Criado em 1998, desde o início de outubro o Viva Cidadão mergulhou numa crise sem precedentes.
    Falta tudo no órgão ligado à Secretaria de Administração e Previdência Social. Comandada até abril pelo deputado federal eleito Luciano Coutinho (PMDB), a carência na SEAPS fulmina principalmente os postos de expedição de documentos. 
    Como medida de contenção eliminou a água e cafezinho para os funcionários e permanece em atraso o pagamento de salários aos contratados pelas empresas terceirizadas, como a Mafra, responsável pela limpeza. Antes responsável pela turma da recepção, a DL teve o contrato encerrado. Uma nova licitação deve mudar parte desse quadro dentro dos próximos dias.
    Sem condições de trabalho, o serviço encolheu e cidadão que o procuram passaram a sair enfezados dos postos. Com o agravante que não podem procurar o Procon, órgão ligado à mesma secretaria.
    Até as vésperas das eleições, os caminhões do Viva Cidadão estacionaram em dezenas de cidades. Na conquista de cidadão o órgão detonou uma campanha absurda de expedição de documentos. Tudo com vistas a incentivar o exercício do voto.
    Em Balsas, local onde esteve estacionado um dos caminhões até o dia 3 de outubro, datas do primeiro turno das eleições mais de 300 carteiras de trabalho foram expedidas em um prazo recorde. O maior incentivador dessa expedição era o deputado federal reeleito Gastão Vieira (PMDB), ex-secretário de Estado do Planejamento.
    A explicação para tamanho interesse em inscrever pessoas no Ministério do Trabalho se apegada à exigência de um documento com foto pela Justiça Eleitoral para o exercício do voto. Com custo de R$ 16,80, a carteira de identidade foi relegada como documento essencial.
    Na semana passada a situação do Viva Cidadão ganhou as páginas do tabloide Aqui-MA, jornal de maior tiragem do estado. A direção não aplaudiu a iniciativa do funcionário inconfidente. Promove uma caça às bruxas nas unidades de São Luís, inclusive na do Jaracati Shopping, empreendimento que tem como sócio o senador José Sarney (PMDB-AP). Com a ação repressora espera empurrar o lixo para debaixo do tapete e mostrar o melhor governo da história do Maranhão.

Manchetes dos jornais

O ESTADO DO MARANHÃO - Datafolha confirma favotismo de Dilma
O IMPARCIAL - MP compra nova briga com bares