2 de abr. de 2011

Morre o ativista Ivan Rodrigues Costa

     O Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA), a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), as comunidades negras rurais quilombolas deste estado, o movimento negro maranhense, militantes de direitos humanos, familiares e amigos estão de luto pelo falecimento de Ivan Rodrigues Costa (14/11/1962 – 2/4/2011), militante do movimento negro e intransigente defensor dos direitos humanos.
    Nas duas entidades citadas, Ivan atuou como técnico e era sócio da segunda. Ivan vinha há tempos lutando contra um câncer no estômago. Internado no Hospital Aldenora Belo (São Luís), foi desenganado pelos médicos há três dias, após quadro de piora antes de uma sessão de quimioterapia. Desde então seu quadro clínico não apresentou reações. Resistiu bravamente, sendo novamente internado no Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I, onde viria a falecer na madrugada de hoje (2).
     O Maranhão perde um de seus mais aguerridos militantes de direitos humanos. Para o advogado Luis Antonio Câmara Pedrosa, “Ivan deixou seu nome escrito na história das lutas das comunidades de quilombos do Maranhão”. Adiante, em texto publicado em seu blogue, afirma ainda: “O marco legal existente hoje sobre a temática tem também as digitais de Ivan (...). Não era um intelectual, mas nada foi produzido nessa área sem a sua contribuição”.
    Desde 1986, Ivan articulou diversos Encontros de Comunidades Negras Rurais Quilombolas, atuou no Projeto Vida de Negro (PVN), desenvolvido em parceria pela SMDH e CCN/MA, exercendo papel importante na construção da Coordenação Nacional dos Quilombos (Conaq) e Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (Aconeruq). O marco legal a que Pedrosa se refere é o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal, que garante: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”.
    O designer Carlos Cesar Caoca, militante do movimento negro maranhense, acompanhou de perto os últimos dias de Ivan e, por e-mail, manteve informado um grupo de amigos. Em uma de suas mensagens, afirmou: “Se você não sabe quem é Ivan Costa Quilombo – como ele gostava de ser chamado – pergunte a qualquer quilombola. Quando ele abrir o sorriso... estará dada a resposta”.
    Foi por uma mensagem de Caoca que viria a saber do falecimento de Ivan. É ele quem anuncia e convoca, citando outros militantes do movimento negro já subidos: “Toquem os tambores de Verekete... São Benedito está de braços abertos para recebê-lo... Silvia Cantanhede, Escrete, Magno Cruz, negrada do plano superior... deixem da molecagem de vocês e dêem espaço na roda pro parente...”
    A leveza e graça de seu texto – como bem queria Ivan – não diminuem a dor da perda. Ivan Rodrigues Costa será velado na sede do CCN/MA (Rua dos Guaranis, s/nº., Barés/João Paulo). O enterro acontecerá amanhã (3), no Cemitério do Turu, às 9h.

Com as próprias mãos

Fernando Rodrigues
BRASÍLIA - A polêmica sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa esconde uma mania nacional: o desejo incontido de tutelar o cidadão. Um renascimento da máxima "o brasileiro não sabe votar".
    O leitor José Bueno Lima escreveu algo sábio na seção de cartas da Folha: "Para mim, Ficha Limpa não precisa de lei. Nós, os eleitores, é que, independentemente de lei, devemos não votar nos candidatos que cometeram crimes".
    Faz sentido. Tome-se o caso de Fernando Collor. O cidadãos de Alagoas acharam que ele serviria para ser senador (eleito em 2006), mas não para governar de novo o Estado -teve 29% dos votos em 2010 e foi rejeitado nas urnas.
    Paulo Maluf é um caso exemplar. Depois do fracasso com a indicação de Celso Pitta para sucedê-lo na Prefeitura de São Paulo, em 1996, só foi ladeira abaixo. Perdeu as disputas para o governo paulista em 1998 e em 2002. Depois, registrou votações declinantes para deputado. Em 2006, teve 740 mil votos. Em 2010, desceu a 497 mil.
    A Lei da Ficha Limpa, por certo, tem efeitos profiláticos. Ajuda a ordenar o processo ao criar regras de elegibilidade. Hoje, só pode disputar um cargo quem se filiou a um partido até um ano antes do pleito. Para ser presidente, é necessário ter mais de 35 anos. Não faz mal exigir também que o candidato não tenha ainda sido condenado por uma instância colegiada na Justiça.
    Ainda assim, o melhor mesmo é o eleitor fazer as correções com as próprias mãos. Há informações em profusão. No UOL, com o apoio da Folha, o politicosdobrasil.com.br oferece mais de 500 mil fichas de candidatos, desde 1998, com todos os dados necessários para uma boa decisão na hora do voto. Há até os CPFs de políticos -para checar quem está em dia com o Fisco.
    Tudo considerado, que venha a Ficha Limpa no próximo pleito. Mas o eleitor já tem todos os meios para eliminar da vida pública os "fichas-sujas". Mesmo sem lei.
Da Folha de S. Paulo

Na coluna do Ancelmo Góis

Saliência já
Na reunião no Palácio para discutir as greves nas obras do PAC, o deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, reclamou, acredite, da abstinência sexual dos trabalhadores em regiões isoladas de Rondônia: — Como é que bota na selva amazônica centenas de homens sem mulher? Era preciso ter bordéis nos canteiros de obras. É. Pode ser.No que...De O Globo

Gilberto Carvalho, o ministro que presidia os trabalhos, levou um susto e ficou mudo.

No claudiohumberto.com.br

DIA DA MENTIRA: SENADO ADOTA PONTO BIOMÉTRICO
    O Senado tentou implantar ontem, logo no Dia da Mentira, o sistema biométrico de registro de frequência. Não conseguiu. Boa parte dos funcionários ignorou a exigência. A ideia é a assinatura de ponto por meio do dedão numa máquina de leitura ótica. O Boletim do Senado informou que a medida é para “todos os servidores”. Mas é lorota. Pelo menos oitenta apadrinhados já foram dispensados da obrigação.