17 de abr. de 2011

Uma saída pela esquerda para São Luís

João de Deus Castro*
Sílvio Bembem*
    Mal foi apresentado o nome do deputado Bira do Pindaré à prefeitura de São Luís e os diversos setores políticos, de oposição ou não, começaram a ensaiar suas posições. É uma incisiva demonstração do potencial desta liderança de esquerda, com trajetória de compromisso com as lutas sociais e recém-eleito deputado estadual pelo PT.
    De fato, em pouco mais de 100 dias de mandato, o deputado Bira expõe com qualidade, na Assembleia, uma variedade de denúncias e questões fundamentais para o Maranhão.
    Ainda pela esquerda, outras candidaturas são possíveis. O ex-deputado Flávio Dino (PCdoB), que, embora não se pronuncie a respeito ou, quando se pronuncia, diz não ser candidato, saiu forte de 2008 e 2010 e talvez sua candidatura se firme naturalmente. Haroldo Sabóia, após longo inverno isolado no PDT, agora no PSOL, poderá surpreender como oposição de esquerda marcadamente anti-Sarneysta, principalmente se conseguir unir em torno o PCB e o PSTU (tarefa difícil neste último caso), com possibilidade de eleger pelo menos 1 vereador.
    Em todo caso, as esquerdas devem sair com candidaturas separadas, seja por razões táticas, seja pela quase impossibilidade de unificação de seus principais partidos logo no primeiro turno.
    Do outro lado, os dois principais grupos da direita do Maranhão instalados nos governos do Estado (família Sarney Murad) e da capital (Castelo/PSDB) também não devem sair unidos no primeiro turno, embora não saibamos de antemão a intensidade de fogo e contra-fogo que veremos nesse campo, embora daí não devamos esperar muito, pois se os colocamos aqui no mesmo campo é pela profunda identidade ideológica, de método e de resultados de gestão em termos de catástrofe social, o que não é pouco. Até porque seria difícil para esses grupos se chocarem sem passar aquela imagem do “sujo falando do mal lavado”.
    Os dois governos devem chegar a 2012, ao que tudo indica, acumulando mais riqueza no bolso dos governantes e péssimos índices sociais no outro lado da balança. E, como sabemos, a direita mais enriquecida é sinal mais que certo de abuso do poder econômico, um sério entrave à democracia no país e o principal por estas bandas. O provável é que as candidaturas expressivas deste campo tenham relação abrandada, embora a de Castelo seja o alvo preferencial de todos na corrida para substituí-lo.
    O PT, tal qual em 2010, será o ponto nevrálgico da disputa de 2012. O que diz muito de sua importância política, mas muito também de sua infeliz atuação no momento atual, em que uma ala do partido participa do governo dos Sarney Murad. Participação pífia num governo que não tem uma única notícia boa pra contar. 2012 é uma boa oportunidade para esta ala começar a se desvencilhar desse caminho, ajudando a criar uma alternativa política de esquerda para São Luís e para o Maranhão, já que 2012 é passagem para 2014.
    Da mesma forma, é desafio para o grupo Resistência Petista e para o próprio dep. Bira buscarem prioritariamente a unidade do partido, sem vender a alma, preservando posições fundamentais que permitam seguir em frente com coerência no pós-2012, ou, se não houver outra possibilidade internamente, construir a vitória nas prévias do melhor nome de que o PT dispõe para a tarefa de enfrentar o ex-governador biônico ora instalado na Prefeitura.
    Papel não de pouca monta tem também o PDT, apesar de ter saído bastante enfraquecido de 2010. Mas sua situação não é menos complicada. Apesar de historicamente antagônico à oligarquia Sarney – se bem que até isto se encontra mitigado atualmente –, parece confortável encastelado na Prefeitura ao lado daquele que outrora foi seu principal antagonista, um oligarca que conduz o pior governo de que se tem notícia em São Luís, só comparável nesses termos, talvez, ao de Gardênia. Trata-se de contradição da mesma natureza daquela em que o PT se encalacrou no governo do Estado. Há, porém, no PDT da Ilha Rebelde alguma resistência. Há quem queira resgatá-lo para a posição anterior, mais à esquerda. Mas terá êxito? E, se tiver, sobreviveria politicamente sem o maquinário público municipal?
    A oligarquia fará de tudo para tirar o foco do “melhor governo da vida” de Roseana Sarney e pra isso deve abraçar uma candidatura que não seja tão emblemática de seu fracasso no governo do Estado. Ou mesmo várias, como fez em 2008. E é neste rumo que pressionará o PT do vice-governador.
    Castelo precisa de aliança ampla para forjar tempo de propaganda eleitoral, e, além de poder econômico, tem o aparato administrativo que usará para, entre outras coisas, manter o PDT do seu lado. O que, aliás, já vem acontecendo, a exemplo do retorno ao ninho tucano do PPS de Othelino Neto e Miosótis, ex-candidata a vice-governadora na chapa de Flávio Dino. Segue neste mesmo sentido, se confirmado, a saída do deputado federal Pinto da Itamaraty (PSDB) para assumir secretaria municipal com orçamento polpudo, tomando o seu lugar na Câmara Federal o suplente Weverton Rocha, com o apoio do Ministro do Trabalho do governo Dilma, Carlos Lupi (PDT).
    Pela esquerda há, como sempre, boas possibilidades em São Luís. Mas pra isso é preciso voltar o foco para os movimentos populares e suas lutas concretas. Para o trabalhador e a população pobre, que não devem estar satisfeitos com o mais sucateado e irracional sistema de transporte público do país, e um dos mais caros; com as ruas esburacadas; com a Educação e a Saúde colapsadas; com o patrimônio público cultural e arquitetônico abandonado; com a paralisação das obras do PAC Rio Anil; com falta de trabalho e renda; com a falta de participação popular; com a falta d’água; e até com a intensificação do calor na Ilha, graças à ausência de transparência e controle social (de fiscalização), bem como de um Plano Diretor para a cidade que impeça a paulatina destruição de áreas verdes em nome do rápido e vertiginoso enriquecimento imobiliário de poucos.
    De tudo isso, muitas dúvidas quanto ao quadro político a se configurar para 2012. Uma quase certeza: haverá segundo turno. Uma certeza que pode ser vista a olhos nus: a Ilha de São Luís está sendo devastada. E uma perspectiva a ser construída: a saída é pela esquerda. Daí a necessidade premente de candidaturas como a de Bira do Pindaré, que só terá sentido se for para liderar um bloco de oposição ao PSDB de Castelo, com caráter polarizador e mobilizador, para vencer e governar a capital do Estado com foco no desenvolvimento sócio-econômico e na transformação da cidade.
* João de Deus Castro - Ex-secretário de Juventude do PT/MA e servidor público do MPF/SP
*Sílvio Bembem - Administrador, Especialista em Sociologia (UEMA), Mestrando em Ciências Sociais da PUC/SP. E membro do Diretório Estadual do PT/MA

Paixão de Cristo em Barra do Corda chega a 33ª edição

Igreja de Nossa Senhora da Conceição
    Pela trigésima terceira vez a comunidade do município de Barra do Corda montará a peça teatral da Paixão de Cristo. O início do espetáculo, reivindicado como um dos maiores do interior do estado, acontrece na Praça Melo Uchoa em frente a Igreja da Matriz, um dos cartões postais da cidade. A 33ª edição da Paixão de Cristo cordina será no dia 22 de abril, a partir das 8 horas.

Rio Corda e os passos do calvário ao fundo
    No elenco estarão aproximadamente 80 atores e 150 figurantes de Barra do Corda. a peça está na 3ª geração de atores.O ator Domingos Augusto marcou história na montagem da peça religiosa. A produção cênica e direção dos atores e produção de figurinos deste ano ficaram por conta de Juraíza Bílio.


Passos do calvário em Barra do Corda
    Durante o período pascal, a cidade tem uma extensa programação com missas, celebrações, vigílias e procissões que atraem milhares de participantes. O visitante, ainda, poderá aproveitar para conhecer a beleza e a história de Barra do Corda e, em especial, a igreja de Nossa Senhora da Conceição, palco de um dos maiores massacres de cristãos no século XIX, e depois se refrescar nas águas dos rios Corda e Mearim.


A cidade vista do morro do Calvário


Tragédia em Realengo

Ferreira Gullar
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Ter-se como puro passou a ser o seu valor no mundo e o pretexto para castigar os que deveriam ser punidos
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    COMO O próprio Wellington Menezes de Oliveira admitiu, já há bastante tempo decidira praticar uma chacina na escola Tasso da Silveira, em Realengo, onde estudara dos 12 aos 14 anos. Tanto é verdade que se preparou para isso cuidadosamente, comprando armas e munição e se adestrando ao máximo, a fim de realizar sua tarefa com a maior eficiência possível.
    Trata-se de uma decisão louca, mas que resultou não de um surto psicótico repentino, e sim de uma demorada elaboração patológica.
    É impossível dizer como isso se deu, que fatores subjetivos e biográficos determinaram aquela decisão. É certo, porém, que Wellington era uma personalidade esquizofrênica, resultante possivelmente de herança genética, como parece indicar o fato de que sua mãe verdadeira, moradora de rua, sofria da doença. Todas as demais informações sobre ele mostram-nos uma pessoa fechada em si mesma, sem amigos, sem amigas ou namoradas.
    Já era assim no colégio, quando foi motivo de brincadeiras discriminatórias por parte dos colegas. Se se considera que, além de filho de uma mendiga, era manco, pode-se imaginar facilmente quanto de ressentimento acumulou num mundo que nada lhe oferecia de afeição ou de felicidade.
    A mulher que o criou terá sido a única pessoa que lhe dera afeto e o reconhecera como ser humano, merecedor de carinho e atenção. Para os demais, não era ninguém, conforme entendia em sua visão magoada e ressentida. A morte da mãe adotiva precipitou tudo.
    Por sentir-se hostilizado e negado pelas pessoas em geral, encontrou na religião um espaço no qual poderia ser reconhecido como ser humano, como criatura de Deus, merecedor de afeto e respeito. Foi ali que, possivelmente, aprendeu a noção de pureza, que o distinguiria da maioria das pessoas.
    Talvez mesmo em função dos problemas psíquicos e sociais que o afastavam das mulheres, encontrou na noção de pecado um fator que o distinguia e o valorizava: como a experiência sexual não fazia parte de sua vida, considerava-se puro e, nisso, superior ao comum dos indivíduos, para os quais o sexo tinha importância fundamental. Ele, Wellington, livre do pecado sexual, estava mais perto de Deus.
    Ter-se como puro passou a ser o seu valor no mundo e o pretexto para castigar os que, ao contrário dele, eram impuros e deveriam ser punidos por isso. E punidos por ele, que foi por todos aqueles -pela humanidade impura- discriminado e humilhado.
    Ao convencer-se disso, sua vida ganhou sentido. Ele, filho de mendiga, manco, desamado, ridicularizado, nascera, na verdade, com a missão de livrar o mundo da impureza. E, então, passou a se preparar para a grande missão: comprou dois revólveres, munição em quantidade e passou a exercitar-se para atirar com precisão.
    O lugar escolhido, não por acaso, foi a escola Tasso da Silveira, onde sofrera humilhações de jovens, iguais aos que agora lá estudavam. Eliminaria preferencialmente as meninas -adolescentes em flor, recendendo a sexo e pecado. Meninas iguais àquelas que nele despertaram, no passado, o desejo de pecar, para torná-lo impuro. Não poderia matar todas as adolescentes do planeta, mas, de qualquer modo, matando aquelas da escola de Realengo, cumpriria com a missão para a qual estava predestinado.
    Sabia muito bem ser aquele, de fato, um modo de suicidar-se, mesmo porque, cumprida a missão, não havia razão para continuar vivendo. Aliás, pôr fim à própria vida era o seu desejo mais fundo. Mas não naquele obscuro quarto onde dormia, pois sua aspiração era escapar do anonimato, mostrar ao mundo quem de fato era. Ninguém jamais imaginaria que aquele pobre diabo, que todos desprezavam, seria capaz de uma façanha tão espantosa quanto assassinar a tiros dezenas de meninas.
    Antes de sair de casa naquela manhã, destruiu móveis e objetos, como para apagar todo e qualquer vestígio material de sua existência. E partiu para a missão suprema e definitiva, depois da qual tornar-se-ia apenas um puro espírito. Mas corre o risco de ser enterrado como indigente, como um mendigo, igual à mãe. E assim, depois de tudo, terminará voltando à origem humilhante de que tentara escapar.
Da Folha de S. Paulo

Manchetes dos jornais

Maranhão
GAZETA DA ILHA - Troca infeliz
JORNAL EXTRA - Juiz atropela TJ e concede liminar ao prefeito Kabão
JORNAL ITAQUI-BACANGA - Moradores do Itaqui-Bacanga poderão ter contas anistiadas, diz Caema
JORNAL PEQUENO - Três ações na Justiça Eleitorais contestam a eleição de Roseana
O ESTADO DO MARANHÃO - Volume de gás no Maranhão representa quase "duas bolívias"
O IMPARCIAL - 16 veículos são emplcados por hora em São Luís
TRIBUNA DO NORDESTE - Nova comissão técnica do Sampaio assume amanhã
Nacional
CORREIO BRASILIENSE:A morte tem nome de mulher
FOLHA DE SÃO PAULO: Mortes se repetem nas estradas em pontos previsíveis
O ESTADO DE MINAS:Poucos policiais para muitas estradas
O ESTADO DE S. PAULO:Empresas já reduzem exigências para contratar
O GLOBO:Escolas ignoram a lei que obriga a denunciar bullying
ZERO HORA:A vida com pleno emprego
Regional
DIÁRIO DO PARÁ:600 policiais denunciados em dois meses
JORNAL DO COMMERCIO:Tráfico e abandono
MEIO-NORTE:Banco Mundial pode assumir dívida do PI
O POVO:E o fortalezense as instituições