10 de set. de 2010

Queda de desigualdade na década é lenda

CLÓVIS ROSSI

COLUNISTA DA FOLHA
     O artigo do economista Marcelo Neri, publicado ontem por esta Folha, ajuda a perpetuar, por omissão de um detalhe, a lenda da queda da desigualdade na presente década.
A omissão é de apenas uma expressão: quando Neri diz que houve queda da desigualdade de renda, está se referindo apenas à renda do trabalho, não à desigualdade, muito mais importante e muito mais brutal, entre a renda do trabalho e a renda do capital.
     O próprio texto de Neri deixa claro que não houve redução da desigualdade. Afirma o economista que, entre 2003 e 2009, as "taxas de crescimento da renda do trabalho [se deram] em níveis equivalentes ao da renda de todas as fontes".
     Se a renda do trabalho e a renda do capital ("todas as fontes") cresceram de uma maneira equivalente, é matematicamente impossível que tenha havido uma redução da desigualdade.
Que a desigualdade realmente relevante se dá entre renda do trabalho e outras rendas se verifica em texto de Marcio Pochmann, escrito quando trabalhava na Unicamp (atualmente ele é presidente do estatal Ipea, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
    "A parte da renda do conjunto dos verdadeiramente ricos afasta-se cada vez mais da condição do trabalho, para aliar-se a outras modalidades de renda, como aquelas provenientes da posse da propriedade (terra, ações, títulos financeiros, entre outras)", diz.
Outro economista do Ipea, João Sicsú, fez, também antes de ser contratado pelo instituto estatal, a seguinte comparação:
     "Em 2006, o governo federal pagou R$ 163 bilhões de juros para os detentores da dívida pública federal. Aproximadamente 80% desse valor é apropriado por 20 mil famílias -que fazem parte da elite brasileira. Enquanto isso, em 2006, dezenas de milhões de pessoas pobres foram atendidas pelos programas de assistência social do governo federal com apenas R$ 21 bilhões."
     Como é possível diminuir a desigualdade se 20 mil famílias recebem do governo seis vezes mais do que o que vai para as 12 milhões de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família?
Mais: na mesma página do artigo de Marcelo Neri, saía informação (do IBGE) mostrando que a renda média do trabalho em 2009 ainda era inferior à de 1996.
Alguém acredita que a renda do capital no período tenha caído, como caiu a do trabalho, ou tenha ficado estagnada?
     Sepultemos, pois, de vez a lenda e usemos as palavras certas: caiu a desigualdade entre assalariados, mas não caiu a obscena desigualdade entre renda do trabalho e renda do capital.
Da Folha de S. Paulo

Maranhão:Cemitério em Fortaleza dos Nogueiras

Livros a mancheia como le gusta no Pará

Luiz Fernando Veríssimo
     Quem teme pelo futuro do livro e lamenta a falta de leitores no Brasil deveria dar um jeito de conhecer a Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém do Pará. Garanto que sairia com as esperanças recauchutadas e nova fé no brasileiro. A feira, que estava na sua 14ª edição quando a visitamos com o Zuenir e a Mary, há dias, não para de crescer e já é uma das principais no continente. Claro que só uma pequena parte daquela multidão estava lá para comprar livros, mas o livro e seus entornos eram a principal atração do evento e a maior parte da multidão era de jovens leitores em potencial. No famoso mercado Ver-o-Peso de Belém vendem poções para fazer crescer cabelo em careca enquanto levantam sua libido e curam sua lerdeza, mas aposto que nenhum líquido engarrafado entusiasmaria mais do que a visão da garotada enchendo todos os espaços da enorme feira, levada pelo livro.
     Na parte externa da feira, que ocupa uma grande estrutura remodelada que foi hangar dos aviões Catalina durante a 2.ª Guerra Mundial, havia shows todas as noites, e não era pouca coisa. Gilberto Gil cantando só xote, xaxado e baião, Lenine, Funk Como le Gusta, Emílio Santiago.
     E por que ninguém tinha me dito que a Luíza Possi não é só filha da Zizi e um rosto bonito mas uma belíssima cantora e música, com uma presença em cena de gente grande? Foi outra poção entusiasmante.
De O Estado de S. Paulo

Biografia de Caymmi será lançada nesta sexta - feira

     Como resultado de dez anos de pesquisa, Marielson Carvalho, professor de Letras da Universidade do Estado da Bahia, apresenta o livro sobre o cantor e compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008) hoje, às 18h, na Galeria do Livro do Espaço Unibanco Glauber Rocha, no Centro.
     A obra "Acontece Que Eu Sou Baiano: Identidade e Memória Cultural no Cancioneiro de Dorival Caymmi" (Eduneb, 224 páginas, R$ 25), além de reunir fotos, desenhos e ilustrações de Caymmi, faz uma análise crítica de dez obras do músico que representam a baianidade.
     Entre elas, "Dois de Fevereiro", "Vatapá", "A Bahia Também Dá", "Rosa Morena" e "Afoxé". Dividido em três capítulos, o trabalho se originou da dissertação de mestrado do autor em Letras pela Universidade Federal da Paraíba e é vencedor do edital da Fapesb 2008.

No Panorama Política de Ilimar Franco

Ro-se-a-na
O programa de TV da governadora Roseana Sarney (PMDBMA),candidata à reeleição, exibido segunda-feira, começa com uma voz cavernosa, a “voz da consciência” dos maranhenses.“Ei, vocês. Sim, vocês maranhenses. Me escutam? Sou eu, a voz da consciência. Veja, nesta eleição a gente não pode errar como em 2006. Você viu no que deu. Até o governador foi cassado. (...) E é na Roseana que a gente tem que votar agora. É Roseana. Ro-se-a-na”, diz a didática voz

PS- A coluna é publicada no jornal O Estado do Maranhão que tem Roseana Sarney Murad como uma das sócias

Manchetes dos jornais

O ESTADO DO MARANHÃO - Alcântara Cyclone Space deverá lançar 1º foguete em 2012
O IMPARCIAL -Miséria, miséria: 516 mil maranhenses vivem com meio salário por mês
O QUARTO PODER - Moradores alertam: Santos Dumont é só fachada

Número de internautas dobrou em quatro anos

    O número de brasileiros que já acessaram a internet mais que dobrou no período que vai de 2005 a 2009, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados pelo IBGE.
     Segundo a Pnad, que traz dados relativos ao ano de 2009, houve um crescimento de 112,9% no número de pessoas que declararam ter usado a rede mundial de computadores entre meados da década e o ano passado.
     Em 2009, informa a pesquisa, 67,9 milhões de pessoas declararam ter usado a internet, em comparação a 55,9 milhões em 2008 e 31,9 milhões em 2005.
     As mulheres compõem a maioria dos acessos atualmente: são 34,6 milhões as usuárias da web no Brasil, contra 33,3 milhões de homens.
     A faixa etária que mais concentra usuários é a de 30 a 39 anos.
     O Pnad contabiliza pessoas com 10 anos de idade ou mais que declararam ter usado a internet nos três meses anteriores à pesquisa.