1 de set. de 2010

Êxodo de maranhenses é cada vez maior

Agência de viagem em Parnarama
A promessa de transformar o estado em uma Shangri-la nordestina com a instalação de uma refinaria, principal cabo eleitoral da coligação do grupo sarneysta, não tem evitado o êxodo dos maranhenses.
     É cada vez mais crescente o número de maranhenses que se aventuram em busca de emprego em outros estados. Enxotados de sua própria terra por falta de oportunidades de trabalho, eles deixam mulher, filhos, família e lembranças da infância perdida para trás, e em terras estrangeiras.
     Em municípios como Pastos Bons e São João dos Patos, Mirador, São Domingos do Azeitão, Matões a frequência das caravanas de retirantes tem aumentado. Partem sempre às sextas-feiras em ônibus fretados ou de linhas clandestinas. Há ansiedade por parte dos jovens em completar 18 anos para fazer parte do comboio.
     As passagens de ida são compradas em agências de viagens sem cadastro algum junto ao Ministério do Turismo ou da Agência Nacional de Transportes Terrestres, ANTT. São elas pontos de contato dos recrutadores de mão de obra que via de regra acaba em condições de exploração similar à escravidão.
     Em buscam de trabalho os maranhenses têm como destino Sorriso (MS), o interior de São Paulo e, mais recentemente, Blumenau (Santa Catarina). Ocupam vagas como cortadores de cana, na construção civil ou na indústria de confecção.
     Muitos jamais retornam. Outros mandam dinheiro para a família obter um pouco de conforto substituindo as choupanas por construções em alvenaria. Com o seguro-desemprego, alguns alternam o Maranhão com estados onde conseguem colocação no mercado após completar um ano de carteira assinada. Coisa rara nos municípios onde residem.  
Agência de viagem em Matões
     Em São Domingos do Azeitão uma empregada doméstica, por exemplo, ganha entre R$ 50 e R$ 100 para trabalhar em casa de família. Nos comércios da cidade, o salário não chega a ser mínimo, mas as horas de trabalhos alcançam entre dez e doze horas. Adicional noturno inexiste. Promotores e juízes da comarca de Pastos Bons sabem da prática e nada fazem.
     No mês passado um grupo de operários maranhenses ficou detido em São João da Barra (Rio de Janeiro) vítimas de "traficantes de escravos". Os números oficiais desse êxodo serão revelados pelo IBGE. Até o final do ano mais, porém, mais maranhenses irão se somar aos milhões que migram para buscar um Shangri-la menos virtual.

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