7 de mar. de 2010

Poesia de Fogo

* de Roberto Kenard


Nesta manhã
onde uma aranha tece
seu abandono. Onde
as nuvens são lentas
pela certeza de passar.
Descubro (calmu e lúcido)
o fogo de que me calço
me alimento e me faz
sorrer para outras pessoas:
pois que o inferno (para quem não sabe)
eu o tenho nos meus atos.

E o céu?E o céu.
Só que esse reside
por dentro e queima (não como fogo: como água quente)
numa clandestinidade incompreensível.

O inferno é fogo.
O céu: água
caso não me queime
morrerei afogado.

*Do livro "No meio da vida", poemas Edições Func/Sioge, de 1980

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