14 de jun. de 2010

Anomalia de lavrador de Experimento é vergonha do Maranhão que Sarney quer esconder do mundo

Deixemos de banda as anomalias. Obviamente, José Agostinho Bispo Pereira (foto), 54, o lavrador pinheirense que por quase duas décadas perpetrava dentro de casa crimes de pedofilia contra a filha e sobre os quais tenta transparecer total desconhecimento não é normal.
     Mas é normal sua condição de analfabeto. É por assim dizer, ecológica. Afinal, a trava do analfabetismo, que no estado oficiosamente é de 24%, mas que na realidade percentualmente alcança o dobro disso, faz parte do meio-ambiente e da tolerância política há muito mais décadas. Na ilha de Experimento, na terá natal do presidente do Senado Federal, não podia ser diferente do restante do Estado, segundo no ranking do anafalbetismo do país.
     Afora o crime hediondo de Bispo, podemos arrolar outros mais ou menos responsáveis nessa teia de responsabilidades.
     À priori, os Conselhos Tutelares Municipais, no sentido amplo de sua missão, encarregados da vigilância do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, embora autônomos, sabe-se que nas sociedade com extremo grau de dependência do poder público ele se imbrica com a administração. Há casos em que está sob a tutela deste, quando há interesse na liderança dos seus membros para fins eleitoreiros. Este ano os interesses afloram com maior vinco.
     No caso de Pinheiro, em Experimento de forma particular, o Conselho Tutelar está isento de responsabilidade da maneira como arquitetou o isolamento o próprio lavrador pedófilo. Considerando que uma das crianças nasceu em hospital, e na família a renda advinha do programa Bolsa Família, supõe-se que o poder público tinha conhecimento da prole da menor, filha e mãe dos filhos de Bispo.
     É o município que gere o Bolsa através do cadastro. Ao cadastrar o único membro o (a) pequeno (a) Bispo Pereira, não é possível que não haja algum requisito no questionário que vincule o inscrito à família. Se não houver, é um erro propositalmente perpetrado. De tamanha proporção como o crime do lavrador.
     Se considerarmos que essas crianças foram até hoje criadas como se o mundo estivesse nas trevas – nesse tempo de Luz para Todos –, como não incluí-las nos programas de saúde, é uma pergunta gritante.  Embora saibamos que os índices de cobertura vacinal no Maranhão não são essa coca-cola toda,  aparentemente as secretarias buscam preencher fichas para fazer frente às despesas do SUS.
     Pinheiro, todos sabem, é terra dos Sarney – pai (desembargador) e filho (político). É berço de um deputado estadual (Victor Mendes, do Partido Verde) e de um secretário de estado (das cidades), Filuca Mendes (pai de Victor e ex-prefeito de Pinheiro). Tanto quanto Bispo eles deveriam ser responsabilizados pelas consequências de uma política voltada para esconder verdades atrozes e medonhas como a de Experimento.
     E, por fim, ainda vêm com essa de dizer que a oposição a eles expõe o Maranhão à vergonha. O que dizer agora. Melhor é o silêncio e destacar as anomalias sexuais, que dá audiência e desvia o debate do foco principal.

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