13 de out. de 2010

Braço da CNBB distribui panfleto anti-Dilma a fiéis

RODRIGO VIZEU
DE BELO HORIZONTE
    Um panfleto assinado por um braço da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) recomendando que fiéis contrários à legalização do aborto não votem no PT foi distribuído ontem, em Aparecida (SP) e Contagem (MG), antes e durante missas em homenagem ao Dia de Nossa Senhora Aparecida.
    O documento atribui posições pró-aborto ao PT, ao governo federal e, apesar de não citá-los nominalmente, ao presidente Lula e à presidenciável Dilma Rousseff.
    Trata-se do mesmo panfleto que já havia circulado entre fiéis durante o primeiro turno e no dia das eleições.
    O texto é assinado pelos bispos da Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, responsável pelo Estado de São Paulo.
    A seção é presidida pelo bispo de Santo André (SP), dom Nelson Westrupp. O conteúdo do panfleto também está publicado no site da regional da CNBB.
    Cerca de 150 mil pessoas estiveram ontem em Aparecida. Em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, cerca de 6.000 pessoas acompanharam a missa solene, pela manhã.
    A posição dos candidatos a presidente em relação ao aborto virou um dos temas principais da campanha, pautando debates entre Dilma Rousseff e José Serra (PSDB) e os programas de TV dos candidatos.
    O panfleto, datado de 26 de agosto, diz que Lula e Dilma assinaram o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, "no qual se reafirmou a descriminalização do aborto".
    A defesa da legalização é chamada de "política antinatalista de controle populacional, desumana, antissocial e contrária ao verdadeiro progresso do país".
    O texto afirma ainda que, no mesmo congresso em que deu "apoio incondicional" ao plano, o PT aclamou Dilma como candidata.
    Ao fim, o panfleto recomenda que os brasileiros "deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto".
    Em Aparecida, policiais militares foram orientados a coibir qualquer tipo de panfletagem ao redor da Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Do lado de fora, no entanto, o documento era distribuído livremente.
"APENAS CATÓLICOS"
    Em Contagem, os quatro homens que distribuíram os papéis negaram receber dinheiro ou ter ligação com partidos ou grupos religiosos específicos, definindo-se como "apenas católicos".
    A CNBB divulgou uma nota oficial, em 16 de setembro, quando os primeiros panfletos foram distribuídos, afirmando que somente sua Assembleia Geral pode falar em nome da entidade.
    No último dia 8, a nota foi reiterada, em que "desautoriza qualquer decisão contrária à da Assembleia Geral, que não vetou candidatos ou partidos".
Da Folha de S. Paulo

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