19 de mai. de 2010

Marcha de prefeitos vira palco para presidenciáveis

GABRIELA GUERREIRO
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

De olho no apoio dos cerca de 4.000 prefeitos que participam de marcha, em Brasília, os três principais pré-candidatos à Presidência da República estarão hoje no segundo debate em 15 dias com chefes de Executivos municipais.

     Na conversa com potenciais cabos eleitorais, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) vão ouvir uma lista de reivindicações para os municípios que vão do aumento no repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) à melhoria dos sistemas de saúde e educação.

     Os pré-candidatos vão falar separadamente aos integrantes da 13ª Marcha dos Prefeitos. Cada um responderá, em uma hora, a nove perguntas elaboradas pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios).

     Reunidos desde ontem em Brasília, os integrantes da marcha fizeram uma lista de pedidos a ser enviada ao governo federal e aos presidenciáveis.

     "Não temos candidato. A entidade representa 5.000 municípios, por isso defendemos os interesses das cidades, não dos prefeitos", disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

     No último dia 6, Serra, Dilma e Marina se reuniram pela primeira vez na pré-campanha para um debate promovido em Belo Horizonte pela Associação Mineira de Municípios.

     Apesar do caráter apartidário do evento, o palco da reunião dos prefeitos se transformou ontem em palanque para ministros do governo Lula defenderam a gestão petista.

     Nenhum ministro citou o nome de Dilma, mas Alexandre Padilha (Relações Institucionais) manifestou aos prefeitos, de forma indireta, o seu apoio à pré-candidata. "Estamos nos acostumando a ser comandados por mulheres", afirmou.

     Padilha e a secretária Miriam Belchior, gestora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), fizeram comparações entre os governos Lula (2003-2010) e Fernando Henrique (1995-2002) para dizer que a área de infraestrutura melhorou sob o comando do PT.

      "Em 1998, na primeira marcha, os prefeitos tentaram fazer uma reunião com o presidente na época e foram recebidos por cachorros. Agora, eles são confrontados com uma mesa de diálogo", disse Padilha.

     Entre os assuntos apresentados aos prefeitos, o governo priorizou uma explanação de Belchior sobre o PAC 2.

     O ministro Márcio Fortes (Cidades) negou que o evento tivesse caráter eleitoreiro, mas para isso, ironizou a oposição.

     "Isso aqui é um evento técnico. A oposição diz que o PAC não existe, mas eu sou sempre convidado pelo meu amigo, o governador de Minas Antonio Anastasia [PSDB], para inaugurar obras do PAC", disse ele.

     Um dos coordenadores da campanha de Serra, o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA) rebateu Padilha afirmando que é impensável "não reconhecer que no governo Fernando Henrique a democracia e o respeito ao cidadão, incluindo as entidades representativas dos prefeitos, foram ampliados".

     Dilma se reuniria na noite de ontem com os prefeitos de partidos aliados. "Terei encontros com os prefeitos. Importantíssimo", escreveu ela no Twitter.

     Entre as reivindicações dos prefeitos está o repasse de R$ 56 bilhões do FPM em 2010, como previsto no Orçamento da União. O governo fez a reestimativa do valor para R$ 53,3 bilhões, o que irritou os representantes dos municípios.

     Os prefeitos criticam, em especial, a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que reduziu o repasse do fundo. "A União faz favor com chapéu dos outros. Por que não desoneraram impostos que não atingem os municípios?", reagiu Ziulkoski.

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