27 de mai. de 2010

Santa Ceia de Uimar Júnior registra inquietação isolada no Salão de Artes Plásticas

Santa Ceia - Desequilíbiro Social, performance do ator Uimar Júnior na abertura do 1º Salão de Artes Plásticas de São Luís. Premiado nas versões da Coletiva de Maio realizada em 1991, com Escultura Viva; em 1992, com Busto Vivo e em 1993 com "Chega de meio ambiente, lute por um inteiro", Uimar Júnior com sua sátira do universo político brasileiro, parodiando a obra de Da Vinci à moda de Brasília, foi a principal atração da primeira noite em que poucos artistas prestigiaram o evento.
     Entre os trabalhos apresentados não há surprensas: nem de proposta de arte, muito menos de nomes.
     Bastante frisado pelos organizadores que a edição deste salão quebra um jejum de 14 anos - desde que deixou de ser realizada a Coletiva de Maio - , o que se observa é que talvez tenha sido a falta de diálogo coletivo que tenha provocado o estacionamento das artes plásticas na cidade, entre outras questões inumeráveis.
     Das telas de Jesus Santos exalam puro dejá vú, uma sensação de já vi isso em algum lugar. Bem provável seja em alguma sala e saguão de repartição pública abastecida pelo trabalho do artista plástico maranhense.
     Miguel Veiga com sua crítica ao tratamento descuidado com o patrimônio histórico e público é direto, mas direciona para outras leituras plásticas quando coloca um anjo alegórico límpido no centro de visão.
     No mais, o salão é a prova de que precisamos nos intercambiar com outros planetas e deixarmos nossa órbita desgastada por políticas personalísticas. Prova disso foi o agradecimento do presidente da Fundação Municipal de Cultura à presidente da Comissão Permanente de Licitação da Prefeitura numa clara demotração de troca de favores.
    Também em ziguezague para o recuo é o pensamento do prefeito João Castelo. Decalcando seu discruso recorrente, Castelo em todas as solenidades de cultura lembra que foi "ELE" quem criou a Secretaria de estado da cultura, quando governador há 36 anos atrás (nauseantemente redundate). Afirma que está disposto a dar o dinheiro que for necessário para tocar os projetos de cultura da FUNC. Só não mostra a mesma disposição em criar a Secretaria Municipal de Cultura, um "projeto" de campanha que pelo visto vai para a galeria das promessas não cumpridas. Mas, apesar de tudo, vale ver o Salão. Nem que seja para se decepcionar.

5 comentários:

Mhario Lincoln disse...

Tomei a liberdade de republicar esta matéria, citando a fonte, claro. Quero aqui colocar nosso trabalho nacional à disposição do ilustre amigo e companheiro de longas datas.
Mhario Lincoln
Portal Mhario Lincoln do Brasil
Curitiba-PR
www.mhariolincoln.jor.br

Anônimo disse...

até agora a gestão João Castelo ainda não disse pra que veio. Até onde lembro a única coisa que a atual gestão de Castelo fez pelo povo de São Luis foi conceder aquele enorme aumento de passagem de ônibus favorecendo os empresários do setor de transporte, que por sinal prestam um pessimo serviço. Se vc dúvida é só pegar um ônibus. Vai ver é que ele e os empresários do transporte fizeram algum acordo já pensando em verbas de campanha para as próximas eleições.

Silvio

adrianna karlem disse...

Caro Sr. Henrique Bóis,
Tomo a liberdade de comentar sua crítica feita ao 1º Salão de Artes Plásticas de São Luís, que foi inaugurado no dia 27 de maio de 2010. Começo parabenizando e agradecendo por tomar tal iniciativa, haja vista que a crítica representa um papel fundamental no mundo artístico, mas aproveito também para esclarecer que sou uma participante do Salão e que passei - assim como todos que estão concorrendo - por uma pré seleção, conforme o senhor sabe, posto que deve ter conhecimento do regulamento do mesmo, principalmente se considerarmos que ele foi bastante divulgado em diversos meios de comunicação e distribuído pela FUNC, onde ocorreram as inscrições. Vale ressaltar que um evento desse porte está acontecendo em nossa cidade e destaca as ARTES PLÁSTICAS, esta linguagem em que temos poucas oportunidades de sermos lembrados no calendário, pois são 14 anos sem um Salão digno como esse.
Apropriando-me de sua fala quando o senhor afirma “que se observa é que talvez tenha sido a falta de diálogo coletivo que tenha provocado o estacionamento das artes plásticas na cidade, entre outras questões inumeráveis”, saliento que até onde tenho acompanhado, desde que iniciei meus estudos em arte há 15 anos, não tivemos muitas oportunidades de grandes mostras de artistas locais, mas existiram algumas experiências como a Coletiva de Maio, seguida de tentativas de retomada, infelizmente fracassadas na época. Nesse sentido, talvez devêssemos ter insistido e persistido, mas necessitaríamos do apoio dos nossos gestores, intelectuais e público, de modo geral.
Entretanto, desde então, as oportunidades têm sido restritas a galerias, espaços alternativos, museus e centros culturais, com exposições de menor porte. Contudo, no referido Salão, além da possibilidade de receber os concorrentes, contamos com artistas renomados no circuito das artes plásticas do Maranhão, onde é imprescindível que se destaque nomes como Jesus Santos, Miguel Veiga, Lobato, Paulo Cesar, Eugênio Araujo, Fernando Mendonça, Dila, Péricles Rocha, Marlene Barros, entre outros, tão importantes para a nossa cultura. Assim, esclareço também que os mesmos artistas, como convidados, apresentaram obras de suas coleções e, por isso, o senhor bravamente pôde identificar algumas obras.

adrianna karlem disse...

Sr. Henrique Bóis, por tudo isso, destaco que fico envaidecida de estar no mesmo evento com eles, pela sua significativa contribuição para as artes plásticas no nosso Estado e aproveito para esclarecer que em minha obra “ECOS QUE RELUZEM” proponho uma discussão acerca da identidade cultural, refletindo sobre o papel e o envolvimento de cada um de nós no contexto regional e global. Esse trabalho compõe a pesquisa “ECOS DO MARANHÃO”, iniciada em 2003, com o objetivo de propor uma reflexão sobre a construção pessoal e coletiva da identidade cultural a partir da cultura maranhense. Nesse sentido, é um trabalho marcado pelo experimentalismo dos diálogos interculturais, tomando como referência a identidade cultural de uma região, em particular do Maranhão, que se expande, propaga, transforma e renova por meio da perspectiva de um olhar diferenciado, do olhar do outro e do nosso, sobre a nossa própria cultura. Trata, portanto, da inquietação acerca das nossas raízes culturais, e de como dialogamos com a cultura global, em ondas de movimentos onde influenciamos e somos influenciados pelo outro, cujos reflexos são percebidos na transformação da nossa cultura.
Nesse sentido, creio que o Senhor generalizou quando diz que “entre os trabalhos apresentados não há surpresas: nem de proposta de arte, muito menos de nomes”, pois o Salão de Artes Plásticas é direcionado para as categorias Pintura, Escultura, Desenho, Gravura, Instalação, Performance, Vídeo e Fotografia, possibilitando-nos apreciar diferentes obras e verificar novos nomes entrando no circuito com trabalhos significativos.
Finalmente garanto ao senhor que tenho todo cuidado e respeito ao colocar uma obra para ser apreciada, pois tenho admiradores e alunos, sou colaboradora em escolas públicas e privadas, trabalho em projetos com Arte promovidos pela UFMA, pesquisei para o Itaú Cultural (2008), participo de coletivas, acompanho as Bienais tanto de São Paulo como do MERCOSUL, em Porto Alegre, visito anualmente as galerias de São Paulo e prestigio exposições de artistas locais, o que comprova a minha preocupação de estudar, ampliar minha rede de relacionamentos e pesquisar o que circula no meio das artes plásticas no Maranhão, no Brasil e em outros países. Por tudo isso, como intelectual e profissional comprometido com o conhecimento, peço mais cuidado ao realizar avaliações generalistas e depreciativas sobre a nossa produção cultural.

adrianna karlem disse...

Permita-me, honrado senhor, também parabenizar o Prefeito Sr João Castelo e o Secretário da Cultura do Município, Sr. Euclides Moreira, por perceberem e acreditarem nos artistas locais, assim como a coordenadora geral do evento, professora e artista, Rosilan Garrido, bem como as curadoras do Salão, as senhoras Fatima Frota e Marlene Barros, por toda organização e pela contribuição que estão deixando para a arte no nosso Estado.
Grata pela sua atenção,
Adrianna Karlem
adriannakarlem@yahoo.com.br

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