11 de jan. de 2011

Sem concorrente, Sarney presidirá Senado pela quarta vez

Christina Lemos, colunista do R7
    Enquanto todos se ocupam dos desencontros e jogos traiçoeiros que movimentam o processo sucessório na Câmara, onde já se fala em quatro candidatos, no Senado, em silêncio, costura-se a recondução de José Sarney à presidência da Casa, sem que qualquer concorrente lhe incomode. Será a quarta vez que o pemedebista assume o cargo, em caso de vitória.
    Quem acompanhou de perto as agruras enfrentadas pelo senador em 2009, após vencer o petista Tião Viana com o voto de 49 dos 81 senadores, quando enfrentou cerca de dez meses de denúncias e intenso bombardeio político, dificilmente imaginaria que Sarney seria reabilitado a ponto de se tornar uma espécie de “candidato natural” a continuar no comando do Senado. Reabilitação que se deu sob o patrocínio direto de Lula, até o último momento.
    O ex-presidente, depois de descer a rampa do Planalto, chegou a levar Sarney no avião que o transportou até São Bernardo. De terno e gravata, o senador subiu ao palco e figurou ao lado de Lula, na festa com direito à apresentação de violeiros, promovida pelos companheiros petistas.
    Aos oitenta anos, dos quais 56 na política, Sarney, o mais antigo parlamentar do Congresso, segue mais poderoso que nunca. Ao contrário do vice-presidente, Michel Temer, que suou a camisa para obter parcos espaços de poder no ministério de Dilma Rousseff, o senador obteve o que pleiteou e até o que nem pediu: manteve suas indicações e viu afilhados assumirem em novos feudos, caso do Turismo, do também octagenário Pedro Novais. E deve preservar postos poderosos e estratégicos no setor elétrico, como os comandos da Eletrobrás e da Eletronorte, uma vez que no Ministério de Energia está seu principal apadrinhado, Edison Lobão.
    Ocorre que, se tudo correr como se especula, Sarney obterá até mesmo um assento no seleto grupo de coordenação política de Dilma – o chamado núcleo duro do poder presidencial, caso Lobão realmente venha a ser integrado à esta equipe. A idéia não é bem vista por auxiliares diretos da presidente, que entendem não haver justificativa para isso, além do inconveniente de gerar a mesma demanda por parte de outros partidos aliados.
    Com dois anos de intervalo, de 2009 para cá, o “Fora Sarney” não só não se consumou, quando em agosto daquele ano a base governista sepultou os pedidos de investigação contra o senador, como agora uma espécie de silencioso “fica Sarney” se consolida pelos corredores e salões azuis do Congresso.

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