4 de mai. de 2010

MA: apoio a Dino ainda pode mudar, diz presidente do PT

Eliano Jorge

O PT do Maranhão está distante de encerrar a polêmica sobre o apoio à candidatura de Flávio Dino, do PCdoB, em detrimento da aliança com o PMDB da governadora Roseana Sarney, que tenta a reeleição. O presidente do diretório estadual petista, Raimundo Monteiro, anuncia que uma reunião pode modificar a decisão de se coligar aos comunistas, que teve 87 votos contra 85, em 27 de março.

"Nos dias 21 e 22 de maio, vai ter outro encontro para ver a questão das candidaturas de deputados. Se (o partido) achar que (o anterior) deve ser revisto, pode ser que haja uma revisão", revelou Monteiro.

Contrário a uma aliança com os peemedebistas, o deputado federal Domingos Dutra discorda da validade de novo pleito. "Já tínhamos marcado este encontro, se destina apenas para aprovar os candidatos a deputados estadual, deputado federal, vice-governador, senador e suplente de senador. O encontro estadual não pode rever outro encontro estadual, só o nacional", afirma.

Monteiro insiste na brecha: "Oficialmente, o encontro que vai decidir candidaturas é o dos dias 21 e 22". Dutra refuta mudanças. "Não, isso não existe, não tem amparo. É desespero, eles estão sem saber o que fazer com a derrota. Tem recurso, tem pedido de intervenção, e agora estão com essa história. Se tiver isso, vai virar uma guerra porque não pode. O partido tem regras. A primeira etapa foi escolher candidato de fora do PT, foi o que a gente fez, esse prazo já passou", argumenta.

O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, também espera que o diretório estadual modifique sua opção para que a direção nacional não precise fazer valer sua vontade por uma aliança com o PMDB, mas não entra nos meandros das questões locais. "É tentativa de golpe", brada Domingos Dutra. "Aí, pode dizer que vai morrer gente aqui porque o encontro não acontece, isso aí é irresponsabilidade. (Se) perderam, perderam. Se o diretório nacional quiser fazer intervenção, faz", acrescenta.

Monteiro atesta que o PT maranhense permanece distante de um consenso. "Está dividido, cada metade para um lado. Eu não tenho opinião definida, vou acatar o que for definido", esquiva-se. Na votação sobre a coligação, ele seguia as diretrizes nacionais, que recomendam acordo com os Sarney, adversários históricos da sigla. "Que fizesse aliança com o PMDB porque é uma estratégia do PT nacional, e o Maranhão faz parte desta estratégia. Minha prioridade é a eleição de Dilma Rousseff. Não adianta eu ganhar o Maranhão e perder o nacional", diz.

"A gente sabe que o Sarney continua pressionando o presidente Lula. A Roseana deu duas secretarias para o pessoal do PT que apoia ela. Estamos na pré-campanha (de Dino). Não acreditamos que haverá intervenção aqui nem anulação de encontro porque não ferimos nenhuma norma do partido", opina Dutra.

Por enquanto, a presidenciável Dilma Rousseff conta com os palanques de PCdoB e PMDB. O pré-candidato tucano José Serra estaria representado na campanha do ex-governador cassado Jackson Lago, do PDT. "PSB e PCdoB são aliados históricos do PT. O PMDB nunca foi nosso aliado, portanto é um casamento de urubu com elefante. O candidato que definimos (Flávio Dino) é deputado federal da base do governo, nosso palanque é competitivo, forte e, sobretudo, limpo", queixa-se Domingos Dutra.

A escolha pelo PCdoB, em São Luís, foi observada presencialmente pelo secretário nacional de organização do PT, Paulo Frateschi, e pelo presidente, José Eduardo Dutra, que atestaram a lisura do evento. "José Eduardo Dutra veio para cá pedir para todo mundo fazer o encontro político, não ter briga para não repercutir na ministra Dilma, nós acatamos, fomos para lá e enfrentamos a máquina do Estado, estávamos dispostos a aceitar o resultado. Agora, no tapetão assim, não toma não", reage o parlamentar maranhense. A troca de aliança, então, precisaria ser imposta. "O diretório nacional tem poderes para fazer intervenção. Se entender que a aliança com PSB e PCdoB prejudica a Dilma, ele pode. O problema é encontrar argumento pra isso", desafia Domingos Dutra.

Nessa esfera, há outro impasse sobre procedimentos legítimos. "Eu considero extremamente difícil (intervir). É preciso 60% do diretório (nacional), haver uma intervenção, destituir a direção estadual", explica o deputado Dutra. Vaccarezza simplifica o método: "Aprovamos, no congresso (do PT), que quem decide as alianças estaduais é o diretório nacional". E Dutra analisa: "Politicamente, se o diretório entender que, aqui no Maranhão, para o bem da ministra Dilma, só deve ter o palanque da Roseana, pode. Mas até nisso não resolve porque o Flávio Dino já disse que é candidato com ou sem o PT".

A alteração da parceria com o PCdoB em favor do PMDB ameaça causar danos à campanha inteira e à participação do PT na política maranhense. "Estamos no PT há 30 anos, não é justo fazer uma intervenção no PT do Maranhão pra matar dois terços do partido. Porque, se houver intervenção, eu e tantos outros não seremos candidatos a nada", promete Dutra, listando nomes históricos da legenda local.

"A gente ser morto pra dar vida a uma oligarquia? Enquanto a gente lutava para fortalecer o PT e o Lula, eles usavam a máquina deles contra nós, contra o partido, contra o Lula", denuncia o deputado, em referência à velha rivalidade com o grupo político de Sarney.

Do Portal Terra

1 comentários:

Anônimo disse...

Ainda bem que no PT do Maranhão existe o Deputado Domingos Dutra, é isso ai lute contra essa quadrilha que a 40 anos saqueia os cofres publicos do MA..

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