2 de set. de 2010

Presidente do CNJ conta a jornalistas caso que o "chocou"

     O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gilson Dipp, contou às jornalistas Luiza de Carvalho e Zínia Baeta, do jornal Valor Econômico, uma situação inusitada do que encontrou durante inspeção no Tribunal de Justiça do Piauí, ao conceder às repórteres uma entrevista para o diário.
    Segundo Dipp, quando da inspeção no TJ-PI tropeçou "em uma pedra na entrada da sala de distribuição de processos, em um prédio de três andares, sem elevadores. Ia perguntar do que se tratava, mas nem precisei. Havia um durex escrito "processo número tal", e o processo estava embaixo da pedra. Então vi que não era uma pedra, mas o instrumento de um crime, que estava ali guardado”, falou. Dando a entender que era num local de fácil acesso, onde provas poderiam sumir.
     Em outro trecho da mesma resposta disse que sentou “em uma cadeira de metal, dessas antigas de propaganda de cerveja em bares, e observei que nas costas da cadeira havia um furo. Evidentemente, nem precisei perguntar do que se tratava. Era a cadeira onde foi baleada uma vítima”.
Armas em lugares abertos
     “No mesmo local havia armas em armários abertos. Essa é a realidade do nosso Judiciário, de falta de estrutura, de falta de planejamento, de orçamentos limitados, mas também mal geridos”, complementou.
     A pergunta que o ministro respondia era: “Durante dois anos, o senhor percorreu 17 tribunais do país. Alguma situação chegou a chocá-lo?”. Desses 17 estados, foi do TJ do Piauí que o ministro extraiu algo que o chocou, fato que foi publicado nas páginas do do jornal econômico mais influente do país.
A pergunta e a resposta na íntegra:
Valor: Durante dois anos, o senhor percorreu 17 tribunais do país. Alguma situação chegou a chocá-lo?
Gilson Dipp: Muitas. Casos de nepotismo, por exemplo, mesmo com as normas do CNJ. Algumas situações nem tanto pela gravidade, mas pelo inusitado. Em Teresina, no Piauí, por exemplo, tropecei em uma pedra na entrada da sala de distribuição de processos, em um prédio de três andares, sem elevadores. Ia perguntar do que se tratava, mas nem precisei. Havia um durex escrito "processo número tal", e o processo estava embaixo da pedra. Então vi que não era uma pedra, mas o instrumento de um crime, que estava ali guardado. Sentei em uma cadeira de metal, dessas antigas de propaganda de cerveja em bares, e observei que nas costas da cadeira havia um furo. Evidentemente, nem precisei perguntar do que se tratava. Era a cadeira onde foi baleada uma vítima. No mesmo local havia armas em armários abertos. Essa é a realidade do nosso Judiciário, de falta de estrutura, de falta de planejamento, de orçamentos limitados, mas também mal geridos.
Valor: Qual desses casos mais chamou a sua atenção?
Dipp :Foi um no Maranhão, em que os juízes de sete varas cíveis foram afastados. Os casos envolviam a concessão de liminares, cautelares ou antecipações de tutela, todas iguais, só mudando o nome das partes. Sempre havia a liberação de altos valores, decorrentes de ações por danos morais contra grandes empresas, como bancos e multinacionais, todos de fora do Estado, pelas quais eram pedidos R$ 5 mil e chegava-se a R$ 15 milhões nas condenações. Geralmente, eram ações ajuizadas por partes com poucos recursos, pessoas sem bens, que litigavam pela Justiça gratuita contra empresas com bastante patrimônio, sem caução.
Do portal do CNJ

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