17 de jan. de 2011

A Folha e a falha

    Minha avó costumava dizer que “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Ou seja, o que dói em mim, pode não doer no meu vizinho, principalmente se eu não gostar dele ou se ele discordar de minhas opiniões. Em setembro de 2009, o jornal Folha de São Paulo publicou um editorial reclamando que estava sofrendo censura imposta por um desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que o proibiu de publicar notícias referentes a Fernando Sarney, filho do José Sarney, ex-presidente do Brasil.
    A Folha tinha descoberto um monte de coisas que deixavam Fernando numa saia justa, saia esta costurada pela Polícia Federal com o desencadeamento da Operação Barrica (depois chamada de Faktor). O jornal esperneou e disse que reagiu à altura, procurando amparo na própria Justiça.
    Um ano depois, a mesma Folha, irritadíssima com um site que “zoava” da linha editorial do jornal e inclusive tinha o sugestivo nome de Falha de S.Paulo, não titubeou em entrar na Justiça para tirar a “paródia” do ar. E assim foi feito. Vinte dias depois de circular pela rede, a Falha foi enterrada, caso contrário seus editores pagariam multa diária de mil reais. A desculpa da Folha pra usar da mesma censura que tanto lhe afligiu um ano antes, era de que os autores estavam fazendo uso indevido da marca do jornal. A advogada do diário chegou a dizer que as sátiras não incomodavam nem o nome do site, mas o uso da marca sim.
Não sabemos se alguém acreditou nesta desculpa, já que Folha e Falha têm muito diferença. Agora, o pior, é que depois que saiu do ar, o site ficou muito mais conhecido do que era. A notícia se espalhou como fogo em capim seco, regado com boa dose de gasolina, justamente por se tratar de censura imposta por um jornal (credo em cruz, se contassem uma coisa destas há 30 anos, ninguém iria acreditar). E a coisa ficou pior, quando indignados blogueiros resolveram reagir e copiaram o site em outros endereços que podem se acessados ao bel prazer. A emenda ficou pior que o soneto. Quem não conhecia a Falha, ficou conhecendo e passou a procurá-la. A advogada do jornal, pelo visto, vai ter muita sarna pra se coçar (mais sarna que Sarney), uma vez que o pessoal assegura que não vai dar pra censurar todo mundo. Não sei se me engano, mas desta vez o tiro saiu pela culatra.
No Crônicas da Mara do Paraná On-line

1 comentários:

Ze Maria disse...

O único problema, Bóis, é que quem sofreu censura dos Sarneys foi o Estado de São Paulo e não a Folha...

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