25 de abr. de 2011

Chico César polemiza com o Ceará ao desancar "forró de plástico"

O secretário de cultura da Paraíba, Chico César
    O cantor e compositor Chico César, titular da Secretaria da Cultura da Paríba, comprou uma briga com o Ceará ao afirmar que não gastará dinheiro público com o que denominou de ''forró de plástico''.
    O artista já havia feito a declaração ao programa no quadro "Chamada a cobrar" do Biotônico, programa da rádio UOL (clique aqui para ouvir), apresentado por Zeca Baleiro, Celso Borges, ambos maranhenses, e ao jornalista paulistano Otávio Rodrigues, o Doctor Reggae. Mas, na semana passada, ele tornou oficial a declaração ao distribuir nota com o mesmo teor. Chico César afirmou que não irá contratar “bandas de forró de plástico e nem grupos sertanejos” para as comemorações juninas na Paraíba. 
    “O Estado encontra-se com falta de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição. Nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague”, explicou.  Como justificativa aponta  questões envolvendo poluição sonora, alto custo das apresentações e irregularidades nas prestações de contas por parte das administradoras.
    A contribuição desse tipo de música, no entendimento de Chico César é pedratória à tradição musical nordestina. Cita como exemplo uma apresentação onde o músico Sivuca foi hostilizado pelo público. “Ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo Governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava ‘Zezé, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver’”, lembrou. O secretário conta com o apoio dogovernador paraibano Ricardo Coutinho (PSB) e da primeira dama Pámela Bório para a medida.
    Chico César também encontrou eco de apoio  no Ceará, principal exportador desse tipo de forró. O presidente da Associação Cearense do Forró e proprietário da casa de shows Kukukaya, Walter Medeiros, discorda. “Não é papel do Estado financiar a desconstrução da cultura popular. E o maior financiador destas bandas de plástico é o Governo do Estado do Ceará”. Para ele, o Estado “desconstrói o que tenta construir” quando contrata “bandas que incentivam o machismo, a bebedeira e a prostituição infantil. “Eles inauguram espaços públicos com uma banda que chama as meninas de rapariga. Não entendo porque, até hoje, o movimento de mulheres não se manifestou”.
    Na contramão, alguns músicos cearenses reagiram à taxação. “Eu queria saber se ele sabe o que é plástico?”, rebateu o cantor e compositor Dorgival Dantas. Incomodado com as palavras de Chico César, ele preferiu sair em defesa dos artistas. “Inventaram esses apelidos de forró pé-de-serra, forró autêntico. Se não quer convidar uma pessoa para tocar, chama ela de lado e diga que não vai chamar. Pode ter certeza que os músicos que mais sofrem são os que aprenderam a tocar simples. Você conhece alguém que tenha tocado mais simples que Luiz Gonzaga?”, questiona ele, que taxou a atitude do paraibano de “safadeza, falta de atitude, covardia e besteira”.
Com informações de O Povo

3 comentários:

Imperoza News disse...

Alguém tem que tomar uma atitude contra esse imenso mal gosto que impera nesses estilos de música descartável, seja ele o falso-forró, o axé ou o falso-sertanejo. É um absurso ver crianças cantando e dançando ao som de músicas de duplo-sentido e repletas de termos perjorativos sempre ligados às piores pragas sociais, como a bebedeira, a prostituição, violência e drogas. Precisamos dar um basta nisso.

Anônimo disse...

Gostaria de lembrar que DORGIVAL DANTAS é potiguar e não cearense. Ele foi o único que se manifestou. WALDONYS e WALTER MEDEIROS (do Kukukaya) deram total apoio à medida do Secretário paraibano. Como cearense, lhe garanto que nós também estamos fumando numa quenga com esse tal FORRÓ DE PLÁSTICO. Ninguém aguenta mais. As rádios tocam direto, porque é um esquema que envolve muita grana, não só aqui, mas no Nordeste inteiro.

Raimundo Nonato Alves

Advanir disse...

Concordo plenamente com o Chico César. Não faz sentido um governo que quer educar as pessoas, financiar festas onde tocam bandas machistas que vulgarizam as mulheresm e com conteúdos que deveriam ser proibidos para as crianças.Crianças que vemos dançando e cantando esse tipo de música sem nem ter idéia do que se trata. Ruim mesmo é que a visão que os outros estados passam a ter do nosso nordeste é de que só produzimos esse tipo de música; que o forró nordestino é esse de hoje. Não é. Além de sujar nossos ouvidos, esse "Forró de Plástico" suja o nome e a reputação de nossa região. E se Não aparecer ninguém com culhão como o Chico César, vai continuar desse jeito sempre. Aqui onde eu moro (Mossoró - Rio Grande no Norte) Os "políticos" (que eu não considero políticos de verdade, pra mim não passam de palhaços fingindo serem políticos) investem em eventos apenas com esse tipo de banda e os "eleitores" (que eu também não considero como eleitores...) votam neles por isso. O pão e circo funciona perfeitamente aqui no RN. Me da vergonha reconhecer que a realidade é assim e a culpa é da população que se deixa cegar, achando que políticos que nos dão festas, com bandas que chamam nossas mulheres de "raparigas", são políticos bons. Infelizmente, vai demorar muito tempo para isso mudar, se mudar. Chico César está de parabéns pela coragem, sempre gostei dele. Gosto muito mais agora. Parabéns pelo post, irmão.
Abraço

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